domingo, 5 de dezembro de 2010

ENCONTRO DE CASAIS

Perdi os primeiros minutos do filme, mas na verdade, não perdi nada. O filme é uma bomba. Uma comédia com pouquíssimos momentos engraçados.
Como não havia visto o começo da tragédia, no dia seguinte, porque todo sofrimento é pouco pra gente teimosa, resolvi assistir o início do filme no Telecine Pipoca, e confirmei a premissa idiota do filme - e a idiotice que se seguiu nos longos minutos que se seguiram.
Um casal tem problemas, e convence - por meio de uma apresentação em powerpoint - três casais amigos para ir a um resort em algum lugar do Caribe - acho - paradisíaco, para tentar consertar a relação - em princípio somente daquele casal.

Pois os outros três casais inacreditavelmente aceitam o convite, e viajam achando que estão indo ao paraíso, quando em verdade estão indo para um tour de force para consertar o casamento, e aquela diversão do hotel se torna um suplício, com rotinas xaropes, de ioga, terapia de casal, dinâmicas de grupo, etc...

Não posso deixar de notar o papel ridículo de Jean Reno, que passou a fazer personagens cômicos com sotaque francês, o que, convenhamos, é uma palhaçada que vem da Pantera-cor-de-rosa e chega ao paroxismo nesse filme pseudoengraçado. Acabou-se o ator, apareceu um paspalho. Nesse filme ele aparentemente é o dono do hotel além do guia espiritual que tentar recuperar os casamentos com lições idiotas.

Apenas Vince Vaughn parece ter algum timing da comédia, e o ator que interpreta o recém divorciado com uma namoradinha 20 anos mais nova, que sempre está cansado para qualquer coisa, também tem algumas linhas com alguma graça.
Jason Bateman, engraçado na série Arrested Development, bem em Juno, aqui faz um papel chatíssimo, de um marido controlador - ou alguma coisa assim. Nem entendi. Muito, mas muito sem graça.

No final, após algumas confusões, desencontros, sessões de terapia de casal, de todo mundo querer se separar de seus cônjuges, voltam todos às boas, pois descobrem os seus próprios problemas, e tem a chance de repará-los e consertar o casamento.

Quem fez Swingers - Favreau (escritor) e Vaughn, como ator - se meter numa roubada desta, e mais, terem escrito essa bomba realmente impressiona. Fuja.

sábado, 4 de dezembro de 2010

A CONVERSAÇÃO - 26-28.11.2010

Um Coppola, de 1974, ao que sei, realizado entre o primeiro e o segundo "Poderoso Chefão", com Gene Hackmann em grande papel, como o "araponga" Harry Caul  especializado em grampos, gravações e filmagens - clandestinas, por óbvio.
A primeira cena do filme, que se definirá como fio estruturante de toda a história, é um grampo feito em uma praça, em que se flagra a conversa de um casal que tem um caso, sendo que a mulher está traindo seu marido. Eles conversam sobre seu relacionamento, sobre a possível reação do marido. Tudo está sendo gravado por Harry Caul e seus asseclas.
Ao se dar conta do conteúdo da conversa, Harry Caul conclui que os amantes correm risco de morte, eis que a gravação está sendo feita, presume ele, pelo marido traído.
Caul, além disso, é atormentado por um trabalho anterior, que causou a morte de alguém, e esse fantasma o assombra, fazendo com que ele queira evitar que sua ocpação redunde em nova morte. Paranóico, metódico, desconfiado, perfeccionista são alguns dos característicos da personagem de Hackmann.
No conteúdo da fita, a gravação demonstra que os amantes marcam um encontro - e Caul presume, mais uma vez, que tendo entregado a fita ao marido traído - uma ponta de Robert Duvall - quando desse encontro os amantes serão assassinados. Harry, então, hospeda-se no quarto ao lado de onde o encontro vai se dar, a princípio - parece - para evitar o crime.
Evidentemente, ele não consegue evitar o crime, mas não o exatamente esperado.
Normalmente, eu fico puto quando há uma virada no filme, me irrita pois brinca com o espectador. Para se criar um twist crível, é preciso saber o que se faz, e não há dúvidas de que Coppolla sempre soube o que fazer com a câmera.
No dia seguinte, ao sair do hotel, imaginando que o casal - ou pelo menos a mulher, pelo que pode presenciar da sacada de seu quarto - foi morto, ele vê a mulher em uma limousine em frente ao hotel, e descobre que, em verdade, quem foi morto foi o marido traído - era o dono e ricaço dono de uma empresa.
Então, ele se dá conta que o casal estava arquitetando a morte do corno. O amante trabalhava na empresa do morto; seu assessor - um papel secundário de Harrison Ford, também, e parecia parte do plano.
Harry Caul fica estupefato, reinterpreta tudo que gravou, e se dá conta que na gravação estava o planejamento do que ia ser feito - o homicídio - e não o registro dos medos do casal.
Harry tenta tomar satisfação - mas logo recebe um aviso: nós sabemos que você sabe, mas você vai ficar quieto; nós estamos gravando você.
Caul fica absolutamente paranóico, e sente sua profissão se voltar contra si.
A cena final, em que Gene Hackmann, paranóico, desmonta/depena todo seu apartamento, retirando todos os quadros, tomadas, lustres, papel de parede, aberturas e até o piso, para ver se não está sendo grampeado é muito boa. Com a casa toda fudida, ele, prostrado, senta-se e toca saxofone - um hobby seu.
O filme expressa a dificuldade em compreender uma mensagem, ou quando menos, compreênde-la adequadamente. Todo mundo só ouve ou escuta o que bem entende. O julgamento do receptor da mensagem por vezes, independente do que realmente é falado. O filme também é um retrato dos anos 70, espionagens, desconfianças - lembremo-nos que dois anos antes do filme Nixon perdera seus cargo por intromissões indevidas. Um filme muito bom.

segunda-feira, 29 de novembro de 2010

SABOTAGEM, de HITCHCOCK - 28.nov.2010

Esses filmes do Hitchcock, da fase inglesa, são ótimos. Simples, poucos recursoso, contados rapidamente - de regra os filmes eram mais curtos. Esse tem pouco mais de 70 minutos, foi feito em 1937.
O filme começa mostrando a definição de sabotagem no dicionário. Corte. As luzes tremulam e então há um blecaute. Começada a investigação, logo se descobre o que houve, quando encontra areia no gerador, talvez. O policial decreta: sabotagem!
Bom, já se sabe mais ou menos o que houve.
Verloc, um imigrante, passa a ser o suspeito -provavelmente já o era - e um policial da Scotland Yard, disfarçado de feirante em frente ao cinema explorado por Verloc e sua esposa Sylvia.
A primeira medida de sabotagem não atinge a repercussão esperada - é noticiado no jornal que a população londrina se divertiu durante o apagão, e um novo ataque, mais impressionante - ou seja, explodir uma bomba em Piccadilly Circus - chamado no filme de "o centro do mundo".
Como a desconfiança contra Verloc aumenta, ele fica impedido de levar a bomba ao destino, dando-a para o irmão de sua esposa - Stevie, que vive junto ao casal. Ele se atrasa a ver a parada do dia do prefeito - objetivo da explosão, e a bomba explode no ônibus, matando o menor e outras pessoas.
Sylvia, inconformada com a perda do irmão, mata Verloc com uma facada - e está prestes a se entregar, quando o acaso intervém em seu favor, pois enquanto ela está fora falando com o sargento da S. Yard, um dos comparsas vai a casa de Verloc buscar uma gaiola para aves, que seria um sério indício contra tal comparsa - dono de uma loja de pássaros.
A polícia chega nesse ínterim e Sylvia provavelmente já escaparia por causa disso. Mas, então, o tal "passarinheiro" explode uma bomba, matando a ele, a Verloc já morto, e inocentando Sylvia, que no decorrer do filme tinha um flerte com o detetive interpretado por John Loder, e que, após a morte, transforma-se num relacionamento.
Numa conversa entre policiais, o chefe da polícia diz algo interessante: não adianta ir atrás das pessoas que estão por trás disso, estamos atrás daqueles que trabalham para eles. Muitas vezes é assim, na vida.

BRÜNO - 28.11.2010

Do mesmo ator que fez o ótimo BORAT, o inglês Sacha Baron Cohen, esse novo filme é com um de seus personagem - Brüno - um repórter fashionista austríaco, ao lado do repórter cazaque Borat, e do rapper inglês Ali G. Havia até um seriado Ali G Indahouse, em que as três personagens tinha seus esquetes. Muito bom.
Esse filme vai numa linha parecida com a de Borat, com humor escrachado e ofensivo - o melhor que há, a meu sentir - e também com uma viagem do estrangeiro aos Estados Unidos, assim como fizera Borat.
Após Brüno perder seu programa de televisão na Áustria,


Cenas escatológicas - a relação sexual entre Brüno e seu assistente - um asiático baixinho, Diesel - com traquitanas e com um garrafa de champanhe introduzida no ânus do baixinho; piadas com Adolf Hitler - Borat se diz a segunda pessoa mais importante da história da Áustria (ou alguma coisa assim) e que ele é a pessoa mais contestada da Austria desde o ditador da Alemanha; pegadinha com um pastor evangélico que cura viadagem; com as celebridades que adotam crianças africanas; com o interior americano homofóbico, com concurso de beleza mirim e a exposição das crianças a qualquer coisa pelo sucesso, com o judaísmo (Sacha é judeu, a propósito): nada escapa. O filme é para quem consegue achar graças nessas situações.


Nesses tempos de "politicamente correto", muita gente irá desgostar. Que bom - esses chatos tem é que os filmes do Moacyr Góes, ou da Xuxa, ou Nosso Lar.

SE BEBER, NÃO CASE (THE HANGOVER)

Uma comédia a que assisti pela segunda vez, a primeira no cinema, a segunda, em casa. Algumas piadas são muito boas, há cenas engraçadíssimas.
O filme chama "A RESSACA", o título brasileiro é bastante idiota, mas vamos lá.
Quatro amigos - em verdade três amigos e o irmão da noiva Alan, o ótimo Zach Galiafianakis - que andou fumando maconha ao vivo, na TV americana, por estes dias - vão a Las Vegas para a despedida de solteiro de Doug.
Chegam ao hotel, alugam a melhor suíte e se preparam para a noitada. Vão ao terraço, fazem brindes, bebem e tomam alguma droga. Fade out. Fade in, e já estamos na manhã seguinte, com três dos festeiros (o noivo sumiu) no quarto que está numa zona. Há um galinha, um tigre no banheiro (furtado de Mike Tyson, que faz uma boa ponta), e um bebê.
Quando se dão conta do sumiço do noivo, e não lembrando nada do que houve na noite passada, passam a reconstituir seus passos, e as cenas engraçadas se sucedem, com um casamento com uma stripper - mãe do bebê, furto do tigre do Tyson, uma ida ao hospital, um dente auto-extraído, um carro de polícia igualmente furtado, etc.
Não há muito enredo, só piadas visuais - por exemplo fazer o bebê simular masturbação - e de texto muito boas. Vale a pena.  

sexta-feira, 26 de novembro de 2010

UMA RAJADA DE BALAS

Clyde Barrow e Bonnie Parker eram nada mais do que dois jovens que dos 20 a 24 anos fizeram dos assaltos a bancos seu modo de vida no Sul e Meio-Oeste dos Estados Unidos, acho que entre 1930 e 1934 - ou seja, bem na grande depressão americana. Um, ex-presidiário, outra, casa com um presidiário, se conhecem e iniciam a empreitada criminosa.

Diz-se que este filme teve grande importância histórica fílmica, apropriando-se de elementos da nouvelle vague francesa, uma mistura de violência, sexualidade (ou falta dela - Clyde é impotente e com sua arma sempre consegue se desvencilhar dos policiais, e como bem assinalou Merten, quando ele finalmente faz sexo com Bonnie, logo depois a polícia os encontra, alcança e mata), e uma narrativa da história dos assaltantes sem moralismo ou pré-julgamentos. Os críticos dizem que sem esse filme, Coppola, Scorsese, Hopper, não conseguiriam fazer alguns de seus filmes. Que essa época um pouco mais liberal e autoral  foi extinta com o surgimento dos blockbusters - era iniciada com Tubarão, de Spielberg.

Nesse périplo de três ou quatro anos das personagens, com diversos assaltos, seqüestros, invasões, assassinatos de civis e policiais, e com o auxílio de um bando variável, fizeram-se conhecidos e, algumas vezes, admirados pela população. Talvez o fato de assaltarem bancos, logo após a grande depressão - até há uma cena em que pessoas que perderam a casa para um banco reclamam desse fato - fizesse com que fossem vistos como "ro bins hood" daquele tempo.
Há uma cena em que eles, em fuga, chegam a um "acampamento", que parece era comum entre os pobres na depressão (ao menos do que lembro de cenas de Vinhas da Ira - filme a que ainda não assisti), e são idolatrados (melhor, admirados) pelas pessoas do povo.
Os assaltos são menos mostrados do que a fuga em si, e a relação entre Bonnie e Clyde bem como entre estes e o restante do bando. Não tenho o conhecimento fílmico para compreender as novidades que o filme representou, mas o filme é bastante agradável de ser visto.

quinta-feira, 25 de novembro de 2010

GATTACA: EXPERIÊNCIA GENÉTICA

Parece que, no Brasil, sempre há a necessidade, ao traduzir o título do filme para o Português, de tentar explicar alguma coisa a mais do que o título original traz ínsito.
GATTACA é o nome do filme. Descobri, pesquisando, que o nome é uma representação da cadeia de moléculas C, G, T, A que formam a cadeia de DNA. Daí, vendo-se o filme, vai-se descobrindo que Ethan Hawke (Vincent) é um filho comum, de um casal comum, quando a "moda" já era extirpar os rebentos de quaisquer defeitos genéticos. Seu irmão mais novo (Anton) é o "filho perfeito", ao menos geneticamente. Por causa dessas diferenças, certa feita Vincent abandona a casa paterna.
Na vida comum, esses defeitos o impedem de assumir lugares mais desejados na sociedade, pois a sua genética já o predispõe a lugares mais altos ou Eugenia, controle social, predisposição na hierarquia social, são alguns dos problemas mencionados no filme. Vincent passará a ser faxineiro na estação espacial - seu sonho desde sempre fora ser astronauta.
Vincente, então, prejudicado por seus problemas genéticos, só vê um caminho para ascender e poder cumprir seus sonhos - disfarça-se de um ser superior geneticamente - Jude Law (Jerome)- que sofreu um acidente, e ficou paraplégico.
Com amostras de urina, de sangue, restos de pele e cabelo, Vincente consegue o emprego de "astronauta" em Gattaca - um centro aeroespacial - e até ser incluído em uma missão espacial a uma das luas de Jupiter (ou Saturno - sei lá).

Paralelamente, há um assassinato dentro de Gattaca, e material genético de Vincente (e não de Jerome) é encontrado - ainda que não se consiga localizá-lo, pois vive como se Jerome fosse. O policial que investiga o caso, saber-se-á ao final, é o irmão de Vincente - Anton, numa sub-trama muito mal explicada, ao menos segundo minha pouca inteligência.

No final - feliz, por supuesto - Ethan Hawke (Vincent) consegue decolar em sua missão espacial, não sem antes ter ganho a condescendência do médico que fazia os exames de sangue e urina, regularmente, que por ter um filho também "defeituoso", digamos, admira a obstinação de Jerome; ter ganho a Uma Thurmann para si (e mesmo esta sabendo da "condição inferior" do mocinho do filme). 

real Jerome provê um estoque infinito de sangue e outros fluidos corporais e restos de pele e fios para que Hawke possa viver eternamente como um privilegiado que na verdade não é. Jude Law suicida-se - não sem antes agradecer ao Vincent por ter-lhe dado uma esperança, uma perspectiva.

É um filme agradável, essas questões eugênicas, de determinismo social são interessantes de serem discutidas, malgrado, como sempre, tivesse de haver uma mensagem de esperança, de que contra tudo e contra todos, com força de vontade, disciplina, entrega, é possível derrotar esse estado de coisas pré-determinadas. Acredita quem quer.  

quinta-feira, 18 de novembro de 2010

PET SEMATARY - CEMITÉRIO MALDITO

Revi ontem o filme, a que já assistira há dois ou três anos. O filme perdeu um pouco do encanto do inédito, mas ainda tem passagens incríveis, algumas boas atuações, uma ótima idéia - a morte, o ressuscitamento de um falecido como um avatar maldoso de si mesmo.

O início do filme, com os caminhões passando em alta velocidade diante de residências, já prenunciam que dali coisa boa não sairá. É daquelas "dicas" que indicam um rumo mas não estragam as surpresas do filme.

O velho Jud (Fred Gwynne)- o Herman Munster, de Os Monstros, está muito bem no papel do velho local, vizinho da família Creed - que chega ao interior do Maine vinda de Chicago, e que conhece os segredos do Pet Sematary - na verdade, do Cemitério indígena além do Cemitério de animais, criado em razão dos diversos atropelamentos de animais naquela rodovia infestada de caminhões.

O ator principal é fraco, mas com a boa história passa-se por cima deste problema.
Exibe-se um quadro geral até que os problemas surjam. Jud mostra o cemitério e explica o que ocorreu. Missy, a empregada, queixa-se constantemente de suas dores estomacais. Pascow, um estudante, morre atropelado na estrada e, no primeiro dia de trabalho na Universidade - em que é médico - recebe o cadáver que mesmo morto, acorda e fala com médico, chamando-o pelo nome e advertindo-o em relação a não passar certas barreiras - "não vá ao lugar onde os mortos caminham" (isso porque passa a assombrá-lo e o conduz ao Cemitério, onde faz a advertência). A filha do casal, ao deparar-se com o assunto "morte" - dos animais - diz que não quer nunca perder seu gato Church (Winston Churchill).

Pois bem, quando a família vai a Chicago para o Dia de Ação de Graças, Louis - que não se dá bem com os sogros - fica no Maine, e aí o FDP do gato é atropelado. Com medo da reação da filha (Ellie), e em conversa com Jud, este mostra um modo de 'ressuscitar' o gato no Cemitério (indígena, o lugar em que os mortos caminham, segundo Pascow). O gato fica estranho, malcheiroso, "malvado", até.

Missy, a empregada se mata, dizendo-se com câncer - não se sabe se realmente ela tem a doença ou não.

Tudo corre bem até a hora em que a merda acontece - o caçula da famíla (Gage) Creed é atropelado por um caminhão. Enterro, briga familiar, a família vai pra Chicago e mais uma vez Louis leva um morto ao Cemitério.
Elliot, a filha, tem várias premonições divinatórias - ou mensagens do fantasma de Pascow - durante os sonhos: sobre o que houve com o gato, o que houve com Gage, com o risco que sua mãe correrá.
Quando Gage volta, ele é um capeta em forma de guri. Mata o velho Jud, mata a mãe (Rachel Creed - que voltou de Chicago de avião, de carro, e por fim de carona em um caminhão da Orinco, n. 666),
até que o pai dá-lhe uma injeção letal: o guri percebendo que irá morrer diz duas vezes para o pai, ternamente: It's not fair. It´s not fair.

Pra terminar, Louis ainda ressuscita sua mulher - para o desfecho já esperado, mas há de se assistir ao filme.

O que é a morte; como suportá-la, como enfrentá-la; tudo isso são discussões que este filme levanta. Fala-se sobre a morte nos Cemitério dos Animais; fala-se após a morte de Missy; após a morte de Gage; sobre a morte da irmã de Rachel, anos atrás - de meningite - e quais as possíveis reações a este futuro e certo evento na vida de cada vivente. Bom filme. E ainda dá pra curtir duas músicas do Ramones - Sheena is a Punk Rocker e Pet Sematery. "Sometimes, dead is better".

terça-feira, 16 de novembro de 2010

JFK: A PERGUNTA QUE NÃO QUER CALAR

Oliver Stone, como quase sempre ao filmar, primeiro fixa seu norte, sua convicção, e então faz um filme que plasme na tela as suas convicções. Quase sempre, igualmente, tem uma maneira interessante de contar a história - sim, muitas vezes trata da História não sendo um mero contador de estórias - do jeito que a entende.
Nesse JFK, analisando o assassinato do então presidente americano John Fitzgerald Kennedy- que só no Brasil teve como subtítulo "a pergunta que não quer calar" -, traz uma série de dados interessantes que, contudo, não tenho como avaliar se realmente retratam fatos não investigados - ou investigados mas não relatados ou sonegados ao final da investigação pela Comissão Warren - presidida pelo Chief of Justice Earl Warren (Presidente da US Supreme Court) , sobre o assassinato do Kennedy, ou se nada mais são do que hipóteses e maquinações elucubratórias do cineasta ou do District Attorney Jim Garrison (eu conheço os promotores um pouco, e às vezes, eles têm imaginação bastante fértil).

No filme, dá-se por certo que Kennedy, atravancando interreses variados - os mais explícitos o do complexo industrial-militar que se opunha à retirada das tropas americanas do Vietnã, e que com isso causaria grandes prejuízos econômicos e de poder àquela turma - deveria ser eliminado, com a assunção do poder pelo vice Lyndon Johnson, um presidente mais receptivo às idéias dos conspiradores,  tanto que logo após assumir o ofício, edita atos legais que aprofundam severamente a Guerra do Vietnã. Se considerarmos que Kennedy pretendia iniciar a retirada das tropas já no ano de sua morte, em 1964, a evidência de que a guerra seguiu até 1970 dá alguma substância à tese conspiratória.
Nesse bololô, entrariam a CIA, o FBI, a Máfia, a Presidência da República, os lobbies da indústria.

São apontadas também razões para o assassinato  decorrentes da conflituosa relação entre EUA e Fidel Castro, em Cuba, aliado da URSS. Que o fracaso da tentativa de invasão americana na Baía dos Porcos não deveria ser repetido, razão pela qual Kennedy desbaratou todo um aparato paramilitar de anti-castristas, que planejava nova invasão e destituição de Fidel do Poder.
Nesse grupo anti-castrista é que se localizariam os principais personagens operacionais do plano, dentre eles Clay Shaw, David Ferrie, Lee H. Oswald, entre outros. Os arquitetos do plano ficam apenas subentendidos.

Refuta-se por completo a teoria do "alone man", dando-se por impossível que Lee Oswald tivesse agido sozinho, quer pela impossibilidade de de disparar três tiros em tão pouco tempo, quer pela possível origem dos tiros não apenas do prédio em que Oswald estava, mas também por detrás da cerca. Igualmente a análise cronológica do atentado, a hora dos tiros, a movimentação de Oswald, o tempo (rapidíssimo) da notícia culpando o nosso atirador solitário, tudo levaria a crer, segundo Stone, que o rapaz foi um bode expiatório - logo sacrificado pelo tiro de Jack Ruby - que tinha ligações com a Máfia.
É um bom thriller político, que mistura elementos de filme policial, de filme de espionagem, e de filme de tribunal - a parte final é o julgamento do caso Clay Shaw (Clay Bertrand), acusado pelo D.A. Jim Garrison de conspiração para o assassinato do Presidente.
No julgamento - e é bem razoável a conclusão dos convocados - os jurados acreditam na tese da conspiração, mas não conseguem ver responsabilidade de Shaw.

As teorias da conspiração encontram, em mim, um cético, mas vai lá que o filme seja a realidade: como se alerta no final do filme, os vários documentos sonegados à investigação, à imprensa, e não constantes do relatório da Comissão Warren, só serão levados ao conhecimento público daqui a uns 20 anos (quando o filme foi feito, tal prazo era de uns 40 anos).
É um filme bastante longo, mas que vale a pena ser assistido. FADE OUT. END.

quinta-feira, 16 de setembro de 2010

WAR, INC. - GUERRA S/A

Mais uma bombinha daquelas.
John Cusack, um matador profissional, começa o filme em algum lugar frio e a imagem é granulada - bah, que novidade na história do cinema. Ele caminha na rua. Entra num bar, bate um papo com um cliente, e depois mata todo mundo. Toma um copo de pimenta e sai dali.
Pilotando seu avião ele recebe a nova missão - matar um milionário do Petróleo de um país fictício - qualquercoisajiquistão - e para lá vai, sob disfarce de um produtor de eventos que terá de produzir o casamento de uma Britney Spears do Oriente Médio e a feira de material bélico e reconstrução da empresa para a qual trabalha (Tamerlane) - que aliás foi quem destruiu o país, na primeira guerra inteiramente tocada por uma empresa privada.
Chegando lá, conhece uma jornalista idealista - Marisa Tomei, a única coisa boa do filme, e não exatamente pela interpretação, e a Britney, digo Yonica - que a final saberá ser sua filha, raptada muitos anos antes, quando sua esposa também fora morta em razão de ele ter conquistado muito inimigos.
O principal inimigo era um outro matador - Ben Kingsley também embarcou nesta bomba, que ao final se revelou o raptor da filha do Cusack.
O rapaz tem ums surtos moralistas (mas é muito bem pago por cada um de seus serviços), mata uns desgraçados, não consegue - ou melhor deixa-o viver - matar o bilionário do petróleo - de nome Omar Sharif [quase me mato de tanto rir com a citação - ha], se apaixona pela reporter escrupulosa a quem salva de ser morta por uns cineastas que filmam qualquer coisa, de video pornô de lua de mel a homicídios de reféns por grupos extremistas, impede sua filha de casar com o filho de um ricaço árabe, metido a rapper, chefe de uma ganguezinha violenta.
Fogem de avião e o plano final mostra um míssil indo em direção ao aeroplano. Fim.
Filme ruim, resenha ruim.

terça-feira, 24 de agosto de 2010

DUPLICIDADE... RAIOS DUPLOS

O filme realmente deveria chamar raios, raios duplos. Pois, por que raios fui eu assistir a essa bomba?
O filme inicia com um bla bla bla entre Júlia Roberts e Clive Owen, em um encontro em uma embaixada qualquer, e depois da conversa mole, a próxima cena dá entender que já treparam no hotel, ambos eram espiões, e que Julia Roberts deu para o rapaz só para roubar uns documentos secretos que ele trazia consigo.
Daí pra frente, o filme perde uma boa parte de seu tempo explicando que em verdade eles já se conheciam, eram um casal, e que naquele episódio, embora amantes, a Júlia enganou seu par, o que criou eterna desconfiança entre eles.
Afora isso, a história do filme trata de os espiões darem um golpe em duas empresas concorrentes da indústria farmacêutica, ambos agindo como reciprocamente como espiões duplos - ou seja, empregados na inteligência de uma mas trabalhando como espiões da outra.
Tudo gira em torno de uma nova descoberta de uma das empresas, que anuncia um novo lançamento de produto que mudaria para sempre o mercado cosmético.
Lá pelas tantas descobre-se que tal produto seria a solução definitiva pra calvície, e aí fica-se numa busca louca pela fórmula, a ser roubada da empresa que a descobriu antes do lançamento, para assim a empresa que rouba o segredo lançar antes o produto e quebrar a concorrente.
Faço parênteses: há uma cena medonha com dois bons atores - Tom Wilkinson e Paul Giamatti - se atracando no chão. Um senhor como Tom, já entrado nos seus sessenta anos, engalfinhado e rolando no chão deve envergonhá-lo terrivelmente, se forçado a assisti-la.
Pois bemm, depois de várias idas e vindas, os espiões conseguem roubar a fórmula, conseguem ludibriar a empresa que queria o tal segredo, e tentam vender a fórmula a uma terceira interessada, que tal como J. Pinto Fernandes, ainda não havia entrado na história.
Quando parecia que tudo se encaminhava para o final feliz dos espiões, que venderiam a formula a uns europeus por sessenta milhões de alguma coisa, vem uma daquelas reviravoltas que, em qualquer filme, me enojam. A fórmula secreta para a calvície não existia. Tudo era um plano da empresa que dizia tê-la para estimular a espiongagem, fazer a concorrente gastar energia em obtê-la, anunciar a descoberta do produto inexistente e assim dar uma falsa notícia ao mercado e a seus acionistas. Ha, ha, ha, que legal.
Ah, a fórmula era de um creme hidratante qualquer, assim como o filme, uma historinha qualquer.

segunda-feira, 19 de julho de 2010

ARRASTE-ME PARA O INFERNO

Um ótimo terrir (uma boa mistura de terror e humor) de Sam Raimi, que era mais conhecido por Evil Dead - Uma noite alucinante - até ser agraciado com a direção do blockbuster Homem-Aranha, e passar a ser conhecido por todos.
A história de uma atendente de banco (Christine) que nega a terceira prorrogação de empréstimo a uma velha cigana (numa ótima caracterização), e com isso dá causa à perda da morada da velha Sylvia Ganush, que a amaldiçoa, na garagem do banco, em cena muito bem dirigida.
A cigana pega um botão do casaco da mocinha do filme, lança o feitiço, e um espírito do mal (Lâmia) passa a atormentar a encostada. Tal espírito, depois de três dias de infortúnios, encarrega-se de levar a alma do amaldiçoado direto para o inferno (Drag me to the hell, o título em inglês).
Esse espírito encarna no amaldiçoado exatamente por meio de um objeto qualquer presenteado pelo maldizente, e ou o maldito se livra do objeto, ou será afundado nas trevas. O filme inicia em 1969, quando um garoto rouba um objeto de uma cigana - um colar. Por ordem de seus pais tenta devolver o bem, mas a cigana rejeita - e "presenteia" o menino com o colar, que depois do tríduo regulamentar, malgrado a tentativa de exorcismo, é levado aos quintos dos infernos.
Desse modo, aquele botão é dado à nossa bancária, que procura ajuda de um guru indiano que, ao tentar ajudá-la, leva-a àquela médium (Shaun San Dena) que tentou ajudar o menino lá na década de 60.
Tendo a sessão de exorcismo dado pouco resultado - o Lâmia não é tão bobo assim - e estando o prazo de três dias se esgotando, a única solução para a mocinha é dar o botão amaldiçoado para alguém. Num truquezinho mequetrefe do roteiro, na volta da sessão de esconjuro, troca o botão por uma moeda, sem perceber, eis que seu namorado era colecionador de moedas e tinha uma guardada num envelope parecido com o que Christine guardou o botão.
Surgem então um interessante dilema moral para a mocinha - a quem senteciar de morte presenteando com o botão (minha única estranheza foi saber quem aceitaria um botão como presente). A primeira opção foi a de dá-lo ao seu colega Stu, um bancário preocupado em trapaceá-la a fim de obter o cargo de assistente a que a mocinha também aspirava. Depois pensa num velho com doença respiratória terminal, mas de ambas as opções desiste, por razões diversas.
Resolve, depois de consultar-se com seu guru Rham Jas, chega a conclusão de que poderá devolver o botão à cigana, agora já falecida - sabe-se lá por que. Exuma o defuto, enterra o botão/moeda na boca da defunta, e se dá por livre da maldição.
No dia seguinte, julgando-se imune ao inferno, marca um encontro com seu namorado, que mostra que a mocinha perdeu o botão, sentenciando-lhe de morte. Nesse exato instante, estando ambos numa estação de trem, a maldição se cumpre. Sobem os créditos.
O filme é muito bom. Sustos genuínos misturam-se a boas gargalhadas. A atmosfera tensa é bem criada por Sam Raimi, que consegue realmente assustar e divertir.

domingo, 11 de abril de 2010

LADY VANISHES (A DAMA OCULTA)

Já vi muitos filmes na vida. O melhor, até hoje, pode ser "O Poderoso Chefão", um clichê, eu sei; ou Um Sonho de Liberdade" - filme sobre amizade masculina, logo, um pouco gay; ou "O Sétimo Selo", cinema de arte bergmaniano. Vai chegar o dia de falar sobre estes filmaços. Agora, contudo, começo com um diário modesto, falando do último filho a que assisti: A Dama Ocultra, no TCM (Turner Classic Movies, como todos sabemos, o melhor canal de cinema de nossa TV fechada).
Um filmaço, de 1938, do Hitchcock, ainda na fase inglesa. O filme trata de uma senhorinha que, fingindo ser uma professora de música e preceptora é, na verdade, uma espião britânica em algum lugar não identificado, na Europa.