domingo, 5 de dezembro de 2010

ENCONTRO DE CASAIS

Perdi os primeiros minutos do filme, mas na verdade, não perdi nada. O filme é uma bomba. Uma comédia com pouquíssimos momentos engraçados.
Como não havia visto o começo da tragédia, no dia seguinte, porque todo sofrimento é pouco pra gente teimosa, resolvi assistir o início do filme no Telecine Pipoca, e confirmei a premissa idiota do filme - e a idiotice que se seguiu nos longos minutos que se seguiram.
Um casal tem problemas, e convence - por meio de uma apresentação em powerpoint - três casais amigos para ir a um resort em algum lugar do Caribe - acho - paradisíaco, para tentar consertar a relação - em princípio somente daquele casal.

Pois os outros três casais inacreditavelmente aceitam o convite, e viajam achando que estão indo ao paraíso, quando em verdade estão indo para um tour de force para consertar o casamento, e aquela diversão do hotel se torna um suplício, com rotinas xaropes, de ioga, terapia de casal, dinâmicas de grupo, etc...

Não posso deixar de notar o papel ridículo de Jean Reno, que passou a fazer personagens cômicos com sotaque francês, o que, convenhamos, é uma palhaçada que vem da Pantera-cor-de-rosa e chega ao paroxismo nesse filme pseudoengraçado. Acabou-se o ator, apareceu um paspalho. Nesse filme ele aparentemente é o dono do hotel além do guia espiritual que tentar recuperar os casamentos com lições idiotas.

Apenas Vince Vaughn parece ter algum timing da comédia, e o ator que interpreta o recém divorciado com uma namoradinha 20 anos mais nova, que sempre está cansado para qualquer coisa, também tem algumas linhas com alguma graça.
Jason Bateman, engraçado na série Arrested Development, bem em Juno, aqui faz um papel chatíssimo, de um marido controlador - ou alguma coisa assim. Nem entendi. Muito, mas muito sem graça.

No final, após algumas confusões, desencontros, sessões de terapia de casal, de todo mundo querer se separar de seus cônjuges, voltam todos às boas, pois descobrem os seus próprios problemas, e tem a chance de repará-los e consertar o casamento.

Quem fez Swingers - Favreau (escritor) e Vaughn, como ator - se meter numa roubada desta, e mais, terem escrito essa bomba realmente impressiona. Fuja.

sábado, 4 de dezembro de 2010

A CONVERSAÇÃO - 26-28.11.2010

Um Coppola, de 1974, ao que sei, realizado entre o primeiro e o segundo "Poderoso Chefão", com Gene Hackmann em grande papel, como o "araponga" Harry Caul  especializado em grampos, gravações e filmagens - clandestinas, por óbvio.
A primeira cena do filme, que se definirá como fio estruturante de toda a história, é um grampo feito em uma praça, em que se flagra a conversa de um casal que tem um caso, sendo que a mulher está traindo seu marido. Eles conversam sobre seu relacionamento, sobre a possível reação do marido. Tudo está sendo gravado por Harry Caul e seus asseclas.
Ao se dar conta do conteúdo da conversa, Harry Caul conclui que os amantes correm risco de morte, eis que a gravação está sendo feita, presume ele, pelo marido traído.
Caul, além disso, é atormentado por um trabalho anterior, que causou a morte de alguém, e esse fantasma o assombra, fazendo com que ele queira evitar que sua ocpação redunde em nova morte. Paranóico, metódico, desconfiado, perfeccionista são alguns dos característicos da personagem de Hackmann.
No conteúdo da fita, a gravação demonstra que os amantes marcam um encontro - e Caul presume, mais uma vez, que tendo entregado a fita ao marido traído - uma ponta de Robert Duvall - quando desse encontro os amantes serão assassinados. Harry, então, hospeda-se no quarto ao lado de onde o encontro vai se dar, a princípio - parece - para evitar o crime.
Evidentemente, ele não consegue evitar o crime, mas não o exatamente esperado.
Normalmente, eu fico puto quando há uma virada no filme, me irrita pois brinca com o espectador. Para se criar um twist crível, é preciso saber o que se faz, e não há dúvidas de que Coppolla sempre soube o que fazer com a câmera.
No dia seguinte, ao sair do hotel, imaginando que o casal - ou pelo menos a mulher, pelo que pode presenciar da sacada de seu quarto - foi morto, ele vê a mulher em uma limousine em frente ao hotel, e descobre que, em verdade, quem foi morto foi o marido traído - era o dono e ricaço dono de uma empresa.
Então, ele se dá conta que o casal estava arquitetando a morte do corno. O amante trabalhava na empresa do morto; seu assessor - um papel secundário de Harrison Ford, também, e parecia parte do plano.
Harry Caul fica estupefato, reinterpreta tudo que gravou, e se dá conta que na gravação estava o planejamento do que ia ser feito - o homicídio - e não o registro dos medos do casal.
Harry tenta tomar satisfação - mas logo recebe um aviso: nós sabemos que você sabe, mas você vai ficar quieto; nós estamos gravando você.
Caul fica absolutamente paranóico, e sente sua profissão se voltar contra si.
A cena final, em que Gene Hackmann, paranóico, desmonta/depena todo seu apartamento, retirando todos os quadros, tomadas, lustres, papel de parede, aberturas e até o piso, para ver se não está sendo grampeado é muito boa. Com a casa toda fudida, ele, prostrado, senta-se e toca saxofone - um hobby seu.
O filme expressa a dificuldade em compreender uma mensagem, ou quando menos, compreênde-la adequadamente. Todo mundo só ouve ou escuta o que bem entende. O julgamento do receptor da mensagem por vezes, independente do que realmente é falado. O filme também é um retrato dos anos 70, espionagens, desconfianças - lembremo-nos que dois anos antes do filme Nixon perdera seus cargo por intromissões indevidas. Um filme muito bom.