terça-feira, 6 de setembro de 2011

O TÚMULO VAZIO (1945), de ROBERT WISE - 04.09.2011

Neste filme em que Bela Lugosi faz uma ponta, Boris Karloff é Gray, um taxista (de carruagem, por óbvio) em Edimburgo, em 1831. Nas horas vagas, ele arranja corpos para seu "amigo", Dr. Wolfe MacFarlane - que é a cara de um advogado aqui da minha cidade, Dr. Virmond Price, um médico que dirige uma escola de medicina, e precisa de cadáveres para ensinar a seus alunos sobre anatomia.
Gray arranja os corpos principalmente desenterrando cadáveres recentes (body snatcher), e recebendo uma paga do médico para isso.
Wolfe tem, contudo, uma dívida para com Gray, porque este o inocentou - ao mentir - em um processo judicial anterior sobre casos semelhantes, e embora tente se livrar de Gray e do passado, não consegue. Gray sempre está ao redor, e Wolfe tem esse segredo a lhe perseguir.
As coisas se complicam quando o estudante de medicina e assistente de Wolfe, Donald Fetter -  descobre que Gray matou  - e não "apenas" desenterrou uma das pessoas cujo corpo lhes é entregue, e ao revelar tal fato a Wolfe (não que esse já não pudesse saber), o ajudante Joseph, um silencioso e soturno (além de bisbilhoteiro) Bela Lugosi - que me pareceu bastante envelhecido, ouve essa conversa.
Joseph então vai até Gray para chantageá-lo, mas ali é morto, e seu corpo é entregue por Gray na clínica do médico, o que poderia complicar a situação do doutor, eis que um seu empregado apareceu morto - evidentemente de maneira inexplicável.
Wolfe então vai até a casa do personagem vivido por Karloff para dele se livrar, e lhe oferece dinheiro para que este o deixe só, e se mude para a França. Gray recusa pois somente com essa relação de um homem humilde, um taxista próximo a um médico conceituado ele se sente alguém. Wolfe então mata Gray, e tenciona usá-lo como um corpo para dissecação em suas aulas, mas isto não fica demonstrado se efetivamente ocorre.
Wolfe resolve que venderá a a carruagem de Gray para se livrar das evidências, e vai a um subúrbio para concretizar o negócio. Lá, Fetter o encontra, e Wolfe, embora todo o distúrbio, diz ainda precisar de corpos para suas aulas, e resolve ele mesmo escavar um corpo recentemente inumado.
Retira o corpo de uma mulher da terra e ao levá-lo para a cidade, paranóico ou assustado, esse morto lhe parece ser o de Gray (numa cena muito bem realizada, com luzes interessantes e Karloff muito pálido e iluminado pelos raios de uma tempestade), o que o faz perder o controle da carruagem e cair em um despenhadeiro para a morte.
Incidentalmente, Wolfe é um cirurgião renomado, mas que tem medo de operar, mas, mesmo assim, é convencido por Fetter a salvar uma menina paraplégica, com uma técnica inovadora.

Não sei se há coisas no filme além da história contada. Talvez que ninguém tem apenas um lado bom ou ruim - o mesmo médico que compra defuntos ilegalmente ou burlou o sistema legal pedindo a alguém que burlasse o seu testemunho salva uma menina pobre e paraplégica; ou que as amizades - ou tudo o que se faz -  têm conseqüências, e Wolfe não podia se desfazer de Gray a seu bel-prazer, pois dele se utilizara, obrigando-se a fazer negócios de compra de cadáveres; ou o dilema moral irresolvido de Fetter, aluno pobre e aprendiz de Wolfe, que se submete às ilegalidades de seu professsor, malgrado veja onde está o erro; ou a amante/namorada de Wolfe, que embora sua companheira finge-se de empregada, para que desfrute da posição social do médico famoso, mas não dê as caras, ao passo que este tem sua reputação mas não revela à sociedade a sua união com uma simplória. Tudo isto talvez seja relevante, e foram coisas sobre a quais pensei no dia seguinte à sessão do filme. Não sei se vou longe demais, e o filme é só uma ficção de terror. Mas esses pensamentos fizeram o filme crescer na minha consideração muito rapidamente.


Apenas para constar, Robert Wise fez filmes como a Noviça Rebelde, West Side Story, mostrando que dominava os mais díspares gêneros do cinema.
Nota IMDB - 7,4. Dou um 6, no máximo. Repensando - no dia seguinte, conforme dois parágrafos acima, um pouco mais, talvez um 7.

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