quinta-feira, 13 de outubro de 2011

OS OUTROS CARAS (2010), de ADMA MCKAY - 13.10.2011

Este filme, para uma comédia despretensiosa, tem um grande elenco. Mark Wahlbert, Eva Mendes, Will Farrell (Allen Gamble), Samuel L. Jackson, Michael Keaton, vários em papéis pequenos.
O início do filme é bastante bom, as piadas boas. Os dois tiras destrutivos, espalhafatosos e famosos morrem, e então, uma dupla de policiais que não se dá bem entre si, com um querendo ser operacional, trabalhar na rua, e o outro, um burocrata, preocupado com números, com interesses em delitos de posturas urbanas, se deparam com a possibilidade de estar havendo um grande golpe financeiro

Will Farrell (que diga-se de passagem era um grande comediante no SNL, mas em seus filmes não é tão bom assim - de bom mesmo só vi o seu papel secundário em "Penetras Bons de Bico" - é um idiota, mas sempre se dá bem com belas mulheres - foi um cafetão na universidade - e é casado com Eva Mendes.
Wahlberg (Terry Hoitz), sempre angustiado, tem problemas com sua namorada Francine, e não tem mais credibilidade na polícia porque, há algum tempo, dera um tiro em Derek Jeter, jogador de beisebol dos Yankees.
Assim, sem respaldo do comando da polícia (até porque estavam mexendo com grandes interesses financeiros), seguem a trilha do golpe financeiro e impedem um golpe de 32 bilhões de reais contra o fundo de pensão da polícia, que iria repassar o dinheiro a um investidor que teve grandes perdas financeiras. Eles só conseguem o apoi da chefia policial muito ao final, e tendo que agir sem que desconfiem que eles continuam no caso de que foram afastados.
O filme faz referências à crise bancária americana (depois de frustrado o golpe a tal financeira consegue auxílio financeiro do governo americano, pois são "too big to fail", e menciona que no final, os heróis não são aqueles que estão sempre nas páginas dos jornais, que gostam de aparecer, mas aqueles que simplesmente fazem, de forma anônima, seu trabalho.
Nota IMDB - 6,6. Boa nota, filme divertido, nada excepcional, mas vale a pena.

quarta-feira, 12 de outubro de 2011

AMORES DE ESTUDANTE (COLLEGE - 1927), de JAMES HORNE e BUSTER KEATON, 07.10.2011

Como filme mudo, a imagem é tudo. O filme inicia na formatura de uma turma de escola secundária. Buster Keaton é Ronald, um bom estudante secundarista, o melhor da classe, mas pobre e sem pendores para as práticas desportivas e na cerimônia de formatura faz um discurso anti-esporte, dizendo que os esportistas não acrescentam nada de bom ao mundo.
A estudante de quem Keaton gosta, com dinheiro, vai para a Universidade (College) e Keaton, em princípio não tem dinheiro para acompanhá-la. Além disso, ela lhe diz que só mudará sua opinião a respeito dele desde que ele mude sua opinião sobre os esportistas. Seu adversário pela mocinha do filme é um latagão esportista.
Quando Keaton chega à faculdade, ele tem todo um arsenal de equipamentos esportivos, e tenta praticar atletismo, beisebol, e nada dá certo, é um fracasso retumbante.
Finalmente ele é posto na equipe de remo, por ordem do reitor, para ser o timoneiro (cuida do leme e do ritmo das remadas), mas é prontamente sabotado por todos, que o fazem acreditar que faz parte do time, mas na hora da regata ele será posto de lado.
A equipe de remo do Clayton College depende da vitória para que a equipe não seja desativada, e no dia da competição, o técnico manda colocar sonífero no café de Ronald. Há a troca de xícaras e aquele que realmente seria o timoneiro  é quem acaba adormecendo, vendo-se o técnico obrigado a colocar Ronald na regata.
Tudo começa bem, até que o leme se desencaixa. Keaton então amarra o leme às suas costas, entra na água, e conduz sua equipe à vitória.
Ao sair da água, todos seus companheiros recebem os cumprimentos de suas namoradas, amigos, etc., e Ronald está sozinho, porque a sua amada (Anne Cornwall) está encarcerada pelo seu rival atlético, sem que ele saiba.
Num momento de distração do "seqüestrador", a moça consegue telefonar para Ronald que então, superando todas suas desastradas atuações como atleta, corre numa velocidade absurda, salta sobre barreiras, salta em altura, salta com vara, dentro do quarto lança objetos como se fossem disco ou peso, se defende com um remo como se jogasse beisebol, ou seja, sendo um perfeito atleta em todas as modalidades em que retumbantemente fracassara, e assim, conquistando a sua amada.
Casam-se, e numa bela elipse temporal, mostram o casamento, o casal com filhos pequenos, eles velhinhos, e seus túmulos. Fim.
O filme, por ser mudo, é obrigado a ser muito bom visualmente. As gags, as confusões de Keaton, no dia da formatura, pobre, com um terninho vagabundo encolhendo por causa da chuva, a suas desventuras como barman, suas trapalhadas na pista de atletismo, no jogo de beisebol e na regata, garantem a diversão.
Nota IMDB 7,2. Um pouco menos, talvez.

quarta-feira, 5 de outubro de 2011

A MARCA DA FORCA (1968), de TED POST - 05.10.2011

Clint Eastwood (Jed Cooper) toca o gado que aparentemente comprou de um fazendeiro quando é interceptado por 9 ou 10 cavaleiros que o acusam de furto desse gado e morte do dono das reses. Após um julgamento sumário, em que apenas um documento é analisado e a descrição do vendedor não bater com a do real vendedor do gado (Johanson), resolvem enforcá-lo, mesmo após Jed dizer a eles que fora um homem da lei e que nada havia de errado com a compra do gado.
Pendurado à árvore pela corda, Jed é salvo por um homem da lei (marshall Bliss) que diz que se for inocente, isso será reconhecido. Se for culpado, terão de enforcá-lo de novo. Chegando ao fórum, logo sua história é averiguada e ele é posto em liberdade pelo Juiz Fenton.
Quando ele menciona ao magistrado que fará justiça com as próprias mãos, o juiz diz que não deve fazê-lo, e então oferece a ele o cargo de marshall, para que ele, assim, dentro da lei, possa capturar aqueles que tentaram matá-lo na forca.
Ele começa a perseguição, consegue prender o primeiro, o segundo se entrega, mata um terceiro.
Nesse ínterim, tem de se desviar um pouco de sua meta, pois o trabalho de auxiliar de campo do juiz tem suas particularidades. Nesse desvio, ele prende três ladrões de gado, que no furto, também mataram os donos do gado, mas o assassinato seria só culpa de um, ou outros dois eram apenas garotos. Jed tenta intervir em favor deles no julgamento, mas não logra sucesso em convencer o juiz (e com ele discute), e todos são enforcados.
No dia da execução, alguns dos integrantes do linchamento contra Jed, ainda à solta, cometem outro atentando, a tiros, mas ele novamente escapa.
Após se recuperar, ele vai atrás destes e os mata. Perdoa o que foi preso (Jenkins), pois no momento do linchamento foi contra o enforcamento, e dá sua missão por encerrada - o que é fazer justiça, afinal? é a pergunta que parece passar por sua cabeça.
Vai falar com o juiz para explicar sua decisão, mas este, com um discurso interessante sobre culpas, julgamentos, perdões, valores, fala de seu emprego como juiz de um território (o lugar ainda não era Estado da União americana), em que é a única lei do lugar, não há tribunais de recursos, não há um poder Executivo estabelecido, e que por muitas vezes torcia para que houvesse alguém que reparasse seus eventuais erros, reformasse suas decisões, enfim, desse a segurança que o Estado deve dar a seus indivíduos, pede que Jed continue na força pública e que o ajude a tornar aquele pedaço de terra sem lei um Estado.
Jed, para isso, exige do juiz o perdão imediato a Jenkins, com o que o concorda o Juiz Fenton, desde que continue em seu ofício de marshal. Trato feito, o Juiz entrega a Jed os dois mandados de prisão contra os últimos integrantes do bando do enforcamento, e Jed prosseguirá em sua cruzada - e no trabalho de marshall.

Nota IMDB: 6,9. Vale mais. Um 7,5.

A ALDEIA DOS AMALDIÇOADOS (1960), de WOLF RILLA - 04.10.2011

O filme já começa direto, mostrando toda a paralisação, como se em transe, em coma, de toda uma cidade que até então funcionava normalmente. Gordon Zellaby (George Sanders) fala ao telefone com seu cunhado quando, de repente, simplesmente apaga, adormecido. O mesmo houve com todos os habitantes e animais da cidade.
Midwich, na Inglaterra, é esse lugar, que parece ter sido afetado em seu território, como se uma divisa separasse os que adormeceram, ou desmaiaram, e os que ficaram acordados.
Só então aparece o título do filme e os créditos iniciais.
De repente, sem mais nem menos, todos acordam e passam a viver, num primeiro momento, como se nada houvesse acontecido. Foram umas poucas horas, menos de 4 horas, de paralisia.
Então, algum tempo depois, descobre-se que todas as mulheres em idade fértil estão grávidas (algumas inexplicavelmente porque virgens ou distantes de seus maridos), exatamente a contar daquele estranho evento - inclusive a mulher de Gordon, Anthea (Barbara Shelley) e, finalmente, quando nascem as crianças, todas tem cabelos descoloridos e olhos brilhantes.
As crianças se desenvolvem em velocidade espantosa, crescem muito rápido, têm inteligência bem acima do normal, e aparentemente com poderes psíquicos, telepáticos. O filho de Gordon e Anthea, David (Martin Stephens, o mesmo que faz Miles em "Os Inocentes", já resenhado aqui nesse blog) parece ser o líder do bando.
Uma reunião de governo tenta decidir o que fazer com as crianças, aparentemente muito poderosas, de má índole, e cujo futuro não se sabe precisar se não poderiam subjugar os demais.
Chegam a um acordo de dar a tutela das crianças, por um ano, a Gordon, que é cientista, que pretende educá-las, dado o seu grande potencial intelectual.
As crianças conseguem ler pensamentos, logo conseguem controlar a mente dos outros, aprender o que eles podem ensinar, mas se recusam a dar qualquer explicação sobre sua origem, seus objetivos.
Quando passam a matar pessoas, decide-se que seria hora de agir contra as crianças, mas uma intervenção militar não adiantaria, pois se as crianças soubessem dos planos, elas poderiam modificar a conduta dos soldados.
As crianças percebem que estão em perigo, que vão tentar exterminá-los, e por isso pedem a Gordon que providencie vários lugares para que as crianças se espalhem e fiquem a salvo, para, mais tarde, fazerem grandes coisas, perpetuarem seus planos.
Gordon cria um plano para exterminar as crianças, arma uma bomba e vai dar sua lição habitual às crianças, com o pensamento em um muro de pedra, para evitar que as crianças descubram seu intento. A cena em que as crianças tentam desvender o que está por trás do pensamento do muro, e este vai ruindo, é muito boa. Acaba que as crianças não conseguem, a tempo, descobrir o intento de Gordon, e há a explosão. Esse é o filme.
O filme me parece só um filme de terror (pouco), de (bastante) ficção científica. Não quero procurar significados políticos. Há menções no filme a um outro grupo de crianças da mesma estirpe que estariam na União Soviética e que foram mortas por um ataque nuclear surpresa, para que as crianças não pudessem saber o que ia lhes acontecer e reagir. Poderia assim haver alguma pretensão de tratar da guerra fria, sobre o medo do alienígena, sobre o perigo que o outro representa, sobre a infiltração de agentes perigosos em vários lugares (o intento das crianças em serem mandadas para diferentes lugares para fugirem dos riscos e depois se reunirem) tudo isso é possível, mas me ative à ficção científica, que é bastante boa.
O filme poderia chamar a Aldeia dos Malditos, outra tradução para "The Village of the damned" e até fica a dúvida de quem seriam os amaldiçoados, se as crianças, ou aqueles que tiveram de conviver com elas.
Nota IMDB: 7,3. É por aí, bom filme.

segunda-feira, 3 de outubro de 2011

ENTERRADO VIVO (2010), de RODRIGO CORTÉS - 02.10.2011

Este filme de ótima crítica, a que por alguma razão não fui ver no cinema, passou no TC Pipoca, dublado mesmo, e resolvi assisti-lo, preguiçosamente, sem legenda e em português.
Um cara (Paul Conroy, vivido por Ryan Reynolds) - casado - dentro de um caixão, sem saber porque, aparentemente. Um isqueiro, um celular com os letreiros em árabe e bateria pela metade, deixado dentro do caixão. Trata-se de um motorista civil capturado no Iraque, e que apenas com o celular terá de se virar.
Ele faz ligações interncionais para os EUA, mas não consegue falar com a família e, inicialmente, nem a polícia nem o FBI lhe dão muita atenção.
Ele consegue contato com um árabe (número nas ligações efetuadas do telefone) que exige 5 milhões de dólares para libertá-lo. Aos poucos, consegue contato com autoridades americanas, que começam a buscá-lo.
Os terroristas pedem para que Conroy grave um vídeo pedindo o resgate. Ele reltua, por sugestaão do funcionário do Departamento de Estado, mas ao lhe ser enviada uma foto com alaguém sequestrado (provavelmente uma colega de trabalho também sequestrada), ele cede e faz o vídeo. Posteriormente ele recebe o vídeo em que sua colega é morta.
Dentro de seu caixão ele recebe uma ligação de sua contratante (que sabe do seqüestro), demitindo-o  por suposto envolvimento com uma colega de trabalho, retroativamente a uma hora desse mesmo dia antes de ter havido o seqüestro.
O filme vai se desenrolando nesse vai e vem em conversas entre Paul, o burocrata, o terrorista, e as tentativas de resgate. Paul é levado a cortar um dedo, consegue falar com sua esposa, e recebe finalmente a notícia de que um xiita iraquiano que sabe onde foi enterrado um americano. E começa a escavação, quando... Eu sempre falo tudo que acontece nos filmes, mas esse perderia completamente a graça se alguém ler o blog antes de assistir ao filme.
Um filme todo ele dentro de um caixão, um só ator, alguns apetrechos (celular, lanterna, isqueiro, canivete), mas que prende a atenção do início ao fim. Uma tensão sempre presente, e por vezes claustrofóbico, angustiante. Vale a pena.
Nota IMDB - 7,2. É por aí, talvez um pouquinho menos.

domingo, 2 de outubro de 2011

A VILA (2004), de M. NIGHT SHYAMALAN - 24.09.2011

Este filme de do Shyamalan faz parte de seus maiores sucessos, junto a "O Sexto Sentido", "Os Outros", e "Sinais", tendo sua carreira decaído - de acordo com a crítica que me fez não ver tais filmes (falha minha, reconheço) - com A Dama na Água, O Último Mestre do Ar e Fim dos Tempos. A película inicia com o enterro de uma criança, filha de um dos próceres de uma comunidade ambientada no Século XVIII ou XIX, o que se depreende pelas roupas, pelos costumes, pelas construções.
Com a morte de Daniel, Lucius Hunt/Joaquim Phoenix (que poderíamos dizer que Lúcio é aquele que tem luz, e Hunt - o que caça, o que busca a luz) pede ao Conselho de Notáveis que dirige a vila (the elders) que lhe permita atravessar a floresta para buscar remédios que pudessem evitar mortes como a de Daniel. Tal pedido é negado pois, segundo as regras do local, é proibido adentrar na floresta pois ali vivem "aqueles cujo nome não se diz", monstros que deixam a comunidade isolada das cidades, e que já teriam matado integrantes da vila - o pai de Lucius, para citar um.
Os Elders da comunidade a dirigem firmemente, mas têm segredos mantidos em relação aos demais habitantes da vila e cada um, por exemplo, tem um baú lacrado, a que aos outros também não têm acesso.
A co-protagonista é Ivy Walker (Bryce Dallas Howard), filha do principal líder da comunidade (Edward Walker, vivido por Willian Hurt), cega, mas que vê a aura das pessoas, sendo sempre protegida por Lucius. Ela vive próxima a Noah Percy (Adrien Brody), um rapaz com problemas mentais, aparentemente inocente, muito afeito a ela.
Quando Ivy declara seu amor por Lucius, e eles resolvem se casar, Noah esfaqueia Lucius, e este fica entre a vida e a morte, sendo necessário, para que a infecção que o acomete regrida, que se vá até a cidade para buscar remédios.
O problema é que a comunidade fez um pacto de não deixarem o lugarejo, não retornarem a cidade em hipótese alguma, mas Ivy insiste que deve ir buscar remédios para tentar salvar seu futuro marido, sendo autorizada por seu pai Edward (que foi repreendido por seus pares por essa decisão), que então resolve contar à sua filha a primeira farsa perpetrada pela comunidade: não há monstro algum, "aqueles cujo nome não se pronuncia" são na verdade um ou outro dos chefes da comunidade fantasiados (e ele mostra a fantasia), e que tudo isso foi engendrado para proteger a comunidade das cidades, para evitar o contato com o mundo exterior à vila, pois todos que lá viveram tiveram grandes perdas, grandes frustrações no contato com as cidades, com as pessoas das cidades.
Então Ivy parte rumo à cidade, acompanhada por dois outros jovens, que logo a abandonam por medo, ela é acossada por um dos monstros, que ela consegue matar - e este era o "inocente" Noah, disfarçado.
Ivy chega, então, a um muro, a fronteira entre A Vila e as cidades, e ao mesmo tempo em que ela ultrapassa a fronteira, seu pai está abrindo um daqueles baús dos líderes da comunidade, e, concomitantemente, em ótima montagem, somos transportados para o século XX (eis a segunda farsa, pra mim criada soberbamente, pois aquela primeira revelação parecia já ter trazido à tona toda a verdade necessária para justificar o isolamento da comunidade), lá pelas fotos mostrando o grupo dos anciões com suas fotos da década de 70, e a explicação de suas perdas (morte violenta de parentes, inclusive o pai de Lucius, que teria sido morto, segundo a versão "oficial", na mata), e a razão para se isolarem do mundo, enquanto Ivy encontra um patrulheiro do Parque Walker (de propriedade da família de Edward Walker, o líder do grupo e ex-professor de história, e filho de um ex-milionário assassinado) que conversa com Ivy, arranja-lhe os remédios, compreende a necessidade de se manter em silêncio sobre o que presenciou - embora não saiba bem porque e nem o quê presenciou. O chefe do posto de guarda diz a ele, a propósito, que não fale nada a respeito do que houve - em mensagem dúbia - "não fale a ninguém sobre o encontro", ou "não fale à pessoa que encontrou sobre a reserva" florestal.
Voltanto à vila, com os remédios para tratamento de Lucius, logo se revela que Ivy teria matado um monstro - Noah, portanto. Edward então faz um discurso a seus pares, declarando que a morte de Noah/monstro "provava" a história que protegia a "realidade" da Vila, e ele propõe, apesar das perdas, a continuidade da aldeia, com o que assentem todos os elders, e a Vila está "salva".

O filme gera vários questionamentos interessantes: a violência, onde ela está, na cidade, no meio que nos circunda, ou dentro da cada pessoa? Quem é inocente, quem não é? O "inocente" Noah, deficiente mental, que mesmo assim tenta matar Lucius, uma pessoa muito preocupada com o bem-estar da comunidade? Adianta se isolar do mundo, se o mal necessariamente não está nele, mas pode estar em cada um? A nostalgia do que foi, sempre um tempo idealizado, encontraria razão de ser nos fatos?

NOTA IMDB: 6,5. Muito abaixo do que realmente vale. Pelo menos um 7,5.

O HOMEM DOS OLHOS FRIOS (THE TIN STAR) - 1953, de ANTHONY MANN - 26.09.2011-02.10.2011

Este filme de Anthony Mann (Winchester 73, El Cid), estrelado por Henry Fonda (Morg Hickman) começa muito bem, como Fonda chegando a uma cidade que preza a ordem, trazendo um morto no lombo de seu cavalo - um bandido, para cobrar a recompensa pela morte.
A cidade é moralista e ordeira, não quer mortos, não quer caçadores de recompensas, toda a cidade acompanha a chegada de Hickman, recriminando-o, mas resolve pagá-lo, só que há certa burocracia e o pagamento levará alguns dias.
Uma bonita fotografia em preto e branco , uma cidade cenográfica de Velho Oeste muito bem construída, e vê-se que Mann domina a câmera, com um travelling impressionante, já no início.
Nesses dias que Hickman precisa esperar, descobre-se que o antigo xerife foi morto e Anthony Perkins - não em grande forma - encarna o novo xerife - Ben Owens - assumindo a "tin star" que ninguém na cidade quis. Perkins é inexperiente, medroso, atira mal, mas quer ser xerife e fica envaidecido com isso - ganha respeito social. 
Ben se mete num duelo contra Bart Bogardus, que pretendia ser o xerife - mas como era um homem perigoso não é eleito - e Hickman o salva, disparando contra Bogardus.
Hickman então revela a Owens que fora xerife uma vez, mas por necessidade financeira - precisou dinheiro para pagar um tratamento de saúde para sua mulher e filho, mas seu salário não era suficiente. Além disso, a comunidade não quis ajudá-lo em sua necessidade, logo ele que sempre protegera seus concidadãos.
Então, havia recompensa por um foragido. Ele o caçou, o matou, recebeu a recompensa, mas não a tempo de salvar sua família. A estrela de xerife não mais fazia sentido para Morg Hickman.
Lateralmente, Morg conhece uma viúva - Betsy Palmer, vivendo Nona Mayfield -  de um índio (assassinado por brancos, havia um preconceito imenso contra índios na época) e o filho mestiço destes - Kip, discriminados na cidade, e que só tem onde morar porque o médico, Dr. Doc McCord, lhes forneceu uma casa. Morgan fica hospedado na casa dessa viúva, depois de não conseguir qualquer hospedagem na cidade.

Nas estradas fora da cidade, há um assalto a uma diligência, em que um homem é morto, e eles apenas sabem dizer, ao chegar à cidade, que um dos assaltantes foi baleado. O xerife arma um pequeno grupo para caçar os assaltantes, mas não os encontra num primeiro momento.
Ao mesmo tempo, e no dia em que completaria 75 anos de idade, Dr. McCord é chamado para atender a um parto, e no caminho de volta à cidade, é interceptado para atender um homem que se descobre ser aquele que foi baleado em tiroteio com os ocupantes da diligência.
Quando os bandidos (Zach e Ed MacGaffey, um deles vivido por um jovem Lee Van Cleef)  percebem que McCord os identificou, resolvem matar o médico, gerando revolta na população - que pode descobrir o nome do assassinos pela caderneta de anotações médicas do doutor - inclusive fazendo os próceres da sociedade, contra tudo que aquilo acreditavam, estipular uma recompensa pela captura dos dois procurados - vivos ou mortos (e isso quase sempre significa mortos, ensina Morg Hickman).
Bogardus monta então um súcia para caçar os irmãos MacGaffey, ao passo que Ben é aconselhado por Morg a, se realmente quer que os bandidos tenham um julgamento justo, e se quiser afirmar sua autoridade de xerife, a capturá-los por si só.
Com a ajuda imprescindível de Morg, ele consegue (na verdade Fonda é que faz todo o serviço) trazer os bandidos vivos.
A malta de Bogardus então resolve que fará justiça rápida - linchamento e enforcamento - e mais uma vez Ben terá de resistir, impedindo que os presos sejam retirados da delegacia, vencendo então Bogardus em um duelo, e o todo o restante da corja de Bogardus se resigna. Pronto, finalmente Ben Owens é o xerife da localidade.
Morg já pode deixar a cidade, levando consigo a viúva e o pequeno filho mestiço desta, em rumo a uma nova cidade, em que promete voltar a ser xerife, pois "aprendeu" com Ben que não se deve desistir facilmente das coisas.

Nota IMDB: 7,4. Acho que é isso mesmo. Um bom faroeste, rápido, direto, história centrada, final em que o bem vence, edificante. Vale a pena.

sábado, 1 de outubro de 2011

O LIVRO DE ELI (2010), de ALBERT E ALLEN HUGHES, 01.10.2011

Em um mundo pós-apocalíptico, com poucos sobreviventes na terra, as pessoas se digladiam pelo pouco de bens, comida, vida que restou. Eli tem em seu poder um livro - que não se sabe de início para que serve. E se você não quiser saber, não leia o resto do texto, só posso dizer que o filme é ruim, para mim. Dois diretores pra fazer isso aí é de assustar.

Ele ainda é uma espécie de Jiraya, um ninja que luta muito bem - e aparentemente é imune aos tiros e ferimentos, provavelmente porque seria divinamente protegido.
Quando ele chega a uma cidade controlada por Carnegie (Gary Oldman), que a controla através da força, Carnegie que tem uma busca incessante por um certo livro, descobre que Eli tem esse livro - a Bíblia, e que com tal livro ele poderia conquistar não só pela força, mas também corações e mentes com as palavras certas, as palavras do livro.
Assim, se Carnegie quer deixar de mandar apenas naquela cidadezinha e mandar no mundo, ele precisa do Livro que Eli se recusa a entregar.
Eli deixa a cidade e os capangas de Carnegie passam a persegui-lo, até conseguirem a Bíblia, mas esta é feita em braille e o bandido não tem como decifar seu conteúdo, ao passo que Eli pode lê-lo e memorizá-lo, para ser transcrito no Oeste, onde a civilização recomeçará - Em São Francisco, para ser exato, e mais exatamente, em Alcatraz.
Eli é cego, numa pegadinha horrível, desses twists que revoltam.
A fotografia cinzenta, com sombras, dando com essa imagem a impressão de um mundo em decomposição, que para mim é apenas efeito visual, sem significado e sem ganho estético relevante.
A cegueira da personagem de Denzel é aparentemente indicada em alguns pontos do filme, mas se é, é de forma tão sutil, diria imperceptível. Só vamos saber quando aparece a bíblia em braille e, quando, finalmente, se dá um close quase pornográfico nos olhos de Eli, para percebermos seus olhos cegos.
Mila Kunis com um visual hippie-chique e com um Ray-Ban última moda num mundo pós-apocalipse não convence nada. O filme é ruim, penso eu.
NOTA IMDB - 6,8. Vale menos, bem menos. um 4 ou 5.