domingo, 31 de julho de 2011

ALÉM DA VIDA (2010), de CLINT EASTWOOD - 29.07.2011

Três histórias em paralelo que se cruzam no fim do filme, mais para dar um desfecho ao filme, e a meu ver, a história cai bastante no final, enquanto o seu desenvolvimento é bastante bom. Hoje o Clint Eastwood merece uma unanimidade elogiosa da crítica que eu não compreendo. Sempre que ele filme se considera que há um grande filme. Às vezes sim, outras nem tanto.

Matt Damon é um vidente americano - mais um médium - que desiste de fazer contatos entre vivos e mortos porque isso lhe exaure, não lhe faz bem, pois é comum que além de coisas boas lhe sejam reveladas coisas pesadas, que fazem mal a ele próprio e por vezes a seu consulente.
Ele tenta se desvencilhar desse seu ofício (exerceu profissionalmente a vidência) para tentar viver uma vida normal, mundana. Quase consegue ao iniciar um relacionamento com uma moça (vivida pro Bryce Dallas Howard), mas esta lhe pede que faça uma "comunicação" e esta faz romper o relacionamento há pouco iniciado, pois ali se revelam abusos que a moça sofreu na infância, e essa revelação faz com que ela se afaste.


A jornalista francesa sobrevive ao tsunami de 2004 na Tailândia (a filmagem do tsunami é impressionante, efeitos especiais de primeiríssima linha, coisa do outro mundo - hehe), mas tem uma experiência de quase-morte passa a repensar muita coisa na sua vida - jornalista de sucesso - pois fica muito impactado com a visão do mundo pós-morte, naqueles instantes que esteve morta.
Em razão de tal fato se afasta do seu trabalho - para dar um tempo, repensar sua vida - e até mesmo se afasta do jornalismo dito "sério", para escrever um livro sobre o além-vida.

Em Londres, dois irmãos gêmeos são muito unidos, até porque sua mãe é uma viciada em drogas, o que faz que eles se unam para viverem bem e até para superar a constante ausência da genitora - agravada pela intenção do conselho tutelar em tirá-los da guarda da mulher. No exato dia em que a mãe aparentemente quer iniciar um tratamento medicamentoso para se livrar da cocaína e heroína, um dos gêmeos morre atropelado, exatamente ao voltar da farmácia em que foi buscar tais medicamentos.

Essas três personagens vivem cada uma diferentes angústias em relação à morte. Uma consegue se comunicar com os mortos, embora não tenha sofrido nenhuma perda. Tem certeza sobre o além vida. A outra esteve morta, e fica em dúvida sobre o além - é estudada, deve ser atéia. O terceiro, é uma criança, e sua principal preocupação é a sua vida sem o irmão e grande companheiro, e busca saber o que há do lado de lá para exigir ou pedir que seu irmão volte, não se vá, pois lhe faz muita falta.

Como li no contracampo, não há em verdade história no filme, mas uma exploração desses sentimentos, do modo com que cada qual lida com a morte.

Ao final, as três histórias se cruzam em Londres. A jornalista vai à feira do livro lançar sua obra sobre a morte, Matt Damon foge dos Estados Unidos onde seu irmão queria de novo trazê-lo ao oficio de médium, e o menino está por lá, ainda em busca de seu irmão morto há mais de ano.
Damon se comunica com o gêmeo morto, e este diz a seu irmão que tudo está bem, mas que agora em diante é com ele, ele deve seguir sua vida. Além disso, ele se encanta com a jornalista francesa e consegue ter uma visão boa - que tudo dará certo entre eles, aparentemente se livrando daquela idéia de que saber o que houve ou o que pode haver lhe seja tão tormentosa, e a jornalista, embora sem saber, embarcará novamente na vida, deixando para trás suas dúvidas, seu ex-amante que a largou. Os encontros redimem os personagens.O filme, de notável, tem a ausência de exploração do além, de imagens do paraíso (ou inferno). É um filme sobre os vivos, e como eles lidam com a morte (ou quase morte). Bom filme.


NOTA IMDB - 6,7. Merece um pouco mais, mas não muito.

APENAS UMA VEZ (2006), de JOHN CARNEY - 29.07.2011

Um músico de rua irlandês - que durante parte do dia ajuda seu pai em uma oficina de aspiradores de pó - e uma Tcheca vendedora de rosas se encontram nas ruas de Dublin, e pelo amor à música, se aproximam.
O músico é autor de várias canções, mas não canta profissionalmente nem divulga suas músicas, mas passa a ser incentivado pela Tcheca, que toca piano - vende as rosas.  A amizade entre eles vai aumentando pouco a pouco, cada um contando também as desventuras de suas vidas.
O rapaz sofre com a falta de sua namorada, que o traiu, e a tcheca tem uma filha de seu casamento fracassado. Ela migrou para a Irlanda deixando seu marido para trás.
Aos poucos começam a se aproximar cada vez mais, com uma atração latente, mas não realizada.
Ao passo em que o sonho do músico começa a se realizar - a gravação de uma fita com suas canções, que o ajudarão ir a Londres tentar o sucesso - cada um acaba tomando seu caminho, a tcheca resolve voltar para o marido, para que a filha não fique sem o pai, e o músico entra em contato com sua antiga namorada e parte para Londres, para tentar a sorte.
Tudo parece um grande videoclipe de uma banda indie americana, o filme é um quase-musical. O melhor do filme são as sessões de gravação em estúdio. Ganhou Oscar de melhor canção.

NOTA IMDB - 8. Vale um 5 ou 6, não mais.

sábado, 30 de julho de 2011

A MORTA-VIVA (1943), de JACQUES TOURNER, 29.07.2011

O gênero "filme de terror" foi menosprezado por muito tempo. Jacques Tourner, sempre elogiado por Inácio Araújo fez alguns filmes, dos quais a três tive acesso e estão gravados - mas este é o primeiro a que assisto, e Rubens Ewald Filho diz que o principal produtor desses filmes, Val Lewton, é que fez que tais filmes passassem a ser respeitados.
Este “A Morta-viva” (I walked with a zombie) trata de uma enfermeira canadense (Betsy Connell - a atriz Frances Dee) contratada para um estranho trabalho no Caribe, em Barbados, sem que muita coisa lhe tenha sido dita, sendo-lhe perguntado se acreditava em bruxaria.
Na viagem de navio, ouve dizer que tudo que vê de belo são enganosas, que os peixes-voadores voam para fugir de algo, que vivem em terror, contratante. Paul Holland, diz que tudo ali é morte e putrefação, e que o brilho do mar se deve à matéria em putrefação.
Inicia-se o filme com a enfermeira caminhando em uma praia dizendo que “I walked with a zombie”, ou seja, isso já é passado, e que isso pode parecer estranho, mas assim foi. Após rever o filme, voltei ao seu início e tive a impressão de que, na verdade, ela caminhava acompanhada por Carrefour - um zumbi negro que só vai aparecer bem adiante na história - e que demonstraria que Betsy se acostumou com aquela atmosfera caribenha, com seus encantos e segredos. 
Ao chegar a Barbados, trava contato com um chofer negro que diz que a família Holland (a mais antiga do lugar) trouxe à ilha os negros – então escravos -  e T-Misery – um “homem” com flechas, na verdade, uma carranca de navio representativa de São Sebastião, que é diversas vezes mostrada, e deve ter algum simbolismo que me escapa
Fort Holland – a propriedade em que Betsy passa a trabalhar, era muito silenciosa, e ela confessa numa narração em off  que ali conheceria o amor e veria uma estranha confissão (a da Sra. Holland, de que Jessica era um zumbi).
Wesley Rand – meior irmão de Paul Holland – faz o papel de anfitrião, explica os lugares à mesa, o da Sra. Rand (mãe dos dois meio-irmãos), e o da esposa de Holland, Jessica - que será a morta-viva; logo se vê que há um conflito entre Wesley and Paul, pois  Jessica e Wes teriam se envolvido, e esse problema entre irmãos foi mediado pela mãe deles, mas o ressentimento persistiu. Paul ficou amargo, Wes virou alcoolatra e irônico.
Jessica teve uma febre que consumiu sua medula, ficando catônica, e Betsy, ao ver frustrada a sua tentativa de cura médica, apela para a cura "espiritual", por meio de ida ao vodu - numa expedição muito bem filmada, em que elas passam por vários "trabalhos" do vodu, e se encontram pela primeira vez com Carrefour (encruzilhada, em francês).
Betsy está apaixonada por Paul, e em benefício deste tenta a cura de Jessica, embora Paul não lhe dê certeza de que realmente deseja ver Jessica curada.
Na cerimônia vodu, inviabilizada a cura, os praticantes da seita não descansarão enquanto não resolverem a questão da sofredora Jessica, e o que parece primeiramente ser uma tentativa de cura, se demonstrará uma forma de aliviar o sofrimento de Jessica com a sua morte (nunca se sabe com certeza se ela é zumbi ou apenas vítima de uma febre incapacitante), primeiramente orientando Carrefour a ir ao seu encontro - frustrado - na mansão por Paul. Wes, ao final, também será manipulado pelos praticantes do vodu, e auxiliará Jessica em sua libertação - matando-o-a, e ele mesmo também morre, ao que parece se livrando dos tormentos que sofre (amor por Jessica, incompreensão do irmão e da mãe, alcoolismo). Carrefour presencia a cena no mar, em que Jessica já morta é levada por Wes, que se afoga. O filme termina com os negros trazendo os cadáveres a Fort Holland.

O início do filme já antecipando que haverá um zumbi, as cenas noturnas em que Jessica Holland caminha com uma luz muita clara, sobrenatural, quase, são muito bem boladas e filmadas. Um filme de apenas 68 minutos gerou uma resenha bastante longa. O filme tem muita coisa boa a observar.
NOTA IMDB: 7,3. Boa nota.

sexta-feira, 29 de julho de 2011

VÍTIMAS DE UMA PAIXÃO (1989), de HAROLD BECKER - 27.07.2011

Um ótimo filme policial.
Al Pacino (Frank) e John Goodman investigam a morte, por assassinato, de homens que publicam anúncios em um jornal de recados-encontros, em forma de poesia, para atraírem parceiras.
Três homens que publicam poemas são mortos, e tudo indica, há uma conexão entre os crimes.
Os policiais então têm a idéia de publicarem anúncios poetizados para atraírem a possível assassina - é o que o filme indica, marcando encontros com qualquer pessoa que responda aos anúncios.
Dentre várias mulheres com quem se encontram, surge Ellen Barkin (Helen) como  uma provável suspeita, mas como Frank se apaixona por ela, a descarta entre as suspeitas, embora os indícios levem cada vez mais a ela como a assassina, e ele aparentemente corra um grande risco de ser a próxima vítima.
A sua paixão e o seu mister se confundem, e ele não sabe mais em que mundo está, e ao mesmo tempo que se envolve com Helen, cada vez mais desconfia dela, e passa a alterna momentos de envolvimento com outros de repulsa.
Há um momento em que ele tem a certeza de ser ela a assassina, ao ver anúncios dos três assassinados, junto ao anúncio por ele publicado, colados na geladeria de Helen.
O filme tem uma dessas viradas que costuma me deixar puto da cara, mas no caso concreto, o twist é bem construído. O ex-marido de Helen (vínculo completamente desconhecido do espectador até o clímax do filme), Terry, interpretado por Michael Rooker - um dos KKK de Mississipi em Chamas, foi brevemente interpelado pelos policiais, pois ele esteve presente em um dos locais dos crimes, pois lá trabalhava, na verdade, persegue sua ex-mulher sem saber que ela se encontra com os "poetas", e ao encontrá-los, os mata. Ademais, Terry vai, certa hora, até a polícia levantar suspeita de um negro ser o assassino, pois naquela vez que esteve próximo ao crime, teria visto um negro sair em disparada.
Essa coincidência bem bolada é que acaba levando à conclusão precipitada de que Ellen Barkin é a assassina.
Somente quando Terry ataca Frank, e se revela ex-marido de Helen, e Frank mais por sorte do que por juízo consegue se salvar e matar Terry, é que a trama se explica e deixa um bom desfecho para o filme. O desfecho, na verdade, é o de Frank indo atrás de Helen implorando por desculpas depois de toda a desconfiança que ele depositou na conduta dela, e ela aceita a companhia dele. Gostei. Al Pacino ainda bem, sem tantos cacoetes que o caracterizaram mais adiante, mas já esfregando contumazmente as mãos, o que faz de forma cansativa hoje em dia.
Nota no IMDB - 6,7. A nota está baixa. O filme vale  mais do que 6,7.

sábado, 23 de julho de 2011

ENTERRO PREMATURO (1962), de ROGER CORMAN - 22.07.2011

Baseado num conto de Edgar Allan Poe - mestre americano do terror e do fantástico - a fita conta a história de Guy Carrell (vivido por Ray Milland - de Disque M para Matar). O filme inicia com a exumação de um cadáver, e é possível ver na tampa do caixão arranhões, indicando que o morto foi enterrado vivo, e a expressão do morto confirma, tudo isso sob a assistência de Guy, seu sogro Gideon e seu amigo Miles.
Logo depois, Emily (Hazel Court) chega à casa de Guy, e este diz que embora ainda a ame, dela deve se afastar, pois toda sua família teve morte violenta e sofrida. Seu pai morreu de catalepsia e ele pode ter herdado tal enfermidade. Guy acredita que seu pai por isso foi enterrado vivo, e que ele ouviu seus gritos na noite pós-enterro, na cripta no porão da mansão da família. Mesmo assim Emily insiste na relação e quer casar com Guy, mas este é atormentado e terrivelmente amedrontado pela idéia de que também poderia ser enterrado vivo.

Eles casam, mas Guy adota um comportamento bastante estranho, e constrói um mausoléu à prova de sepultamentos indevidos, o caixão abre por dentro, ele tem ferramentas e suprimentos à mão, e dispositivos variados para abrir as portas do mausoléu, um sino para chamar a atenção, saídas secretas do prédio que construiu. Esse comportamento vai envenenando seu relacionamento, o afastando de sua esposa. Emily convence Guy a destruir o jazigo, sob pena de deixá-lo (the death by yourself, ou the life with me?, pergunta ela).

Há uma cena inicialmente inexplicada, em que alguém vai ao mausoléu de Gideon Carrell, o pai de Guy e Kate, tudo leva a crer que para preparar algum ardil contra Guy. Igualmente, o gato da casa fica presa dentro da parede (lembram de O Gato Preto, de Poe?), talvez para reforçar os temores do protagonista. A irmã de Guy, Kate Carrel aparentemente é a protetora de Guy, mas tem um comportamento estranho.
Em certo momento, Guy é desafiado por Miles sobre sua versão de que seu pai teria sido enterrado vivo, e que eles devem ir ao mausoléu para ver o corpo (ou ossos) do defunto, para que assim o temor de Guy pudesse ser vencido e suas convicções de ter sido seu pai enterrado vivo desmentidas.
Nessa hora, eles verificam que a chave da cripta sumiu - aquela misteriosa incursão ao mausoléu. Ao arrombar a porta, um esqueleto cai sobre Guy e o seu amigo e sogro - ambos médicos - atestam sua morte imediatamente, por enfarto.
Guy, catatônico e cataléptico - mas não morto, tenta se comunciar com os médicos, com os convidados do velório e do enterro, mas não consegue mover músculo ou dizer algo. Seu temor está prestes a se concretizar.
Ele é desenterrado por ordem de seu sogro (para usar o corpo para algum estudo de medicina) - não é possível saber quanto tempo depois da inumação (e portanto se está vivo ou é um morto-vivo), ataca os coveiros, ataca o sogro ao descobrir suas más intenções, matando-o com uma descarga elétrica.
Emily, ainda sem saber de nada, já se insinua para Miles, tendo Guy visto o flerte. Então Fuy se apresenta a Emily, e com o choque que esta sofre e desmaia, ele a leva para ser enterrada, momento em que em que ela revela o plano bolado por Kate para enterrar Guy vivo. Guy então resolve enterrar Emily ainda com vida, mas é impedido por Miles. Quando em briga corporal Guy está prestes a derrotar Miles, Kate o alveja e o mata com uma arma - ou seja, ele realmente ainda estava vivo.
O filme deixa uma dúvida se realmente Kate ou Emily - ou ainda ambas - foram as responsáveis pela armação na cripta, desejando a morte de Guy - provavelmente por questão de herança.
Em certo momento do filme, Miles diz que quaisquer menções a morte, enterros, etc., devem ser evitados de modo que não dêem ensejo a uma reação cataléptica, e tanto Emily quanto Kate ouvem tal informação.
Uma primeira tentativa é feita logo após, com o assobio da música que era entoada pelos coveiros que desenterraram aquele primeiro cadáver, e o encontro físico de Guy e tais coveiros.
A segunda tentativa é a ida a cripta e o esqueleto que cai por sobre Guy - mas revendo as cenas da preparação do incidente da cripta, não é possível identificar qual das duas lá esteve para preparar o  susto "fatal", embora, ao final, a chave da cripta estivesse em poder de Emily. Essa dubiedade faz bem ao filme. Minha opinião - ou as duas ou somente Kate tem culpa.

O filme é de um figurino meio teatral, com névoa de fumaça de estúdio em muitas cenas, uma fotografia com imagens muito claras, muito coloridas. Imagino que tudo isso se deva ao possível baixo orçamento dos filmes B de Roger Corman. Bom filme. Gostei bastante.
Nota IMDB -  6,5. Dou um pouco mais, um 7.

AMOR SEM ESCALAS, sem , de JASON REITMAN - mai.2011 - final revisto em 23.07.11

George Clooney é Ryan Bingham, um especialista de RH, contratado especificamente para fazer demissões, quase sempre longe da sede de sua empresa, por isso vive em aviões e aeroportos, sem qualquer vínculo pessoal ou afetivo, mas ao menos na hora das demissões é adepto do old-fashion, ou seja, olho no olho.  Ele se gaba dessa independência, seu maior objetivo na vida é ganhar o ultra-mega-hiper cartão de milhagem, que até tal momento apenas seis pessoas obtiveram. Acha que o melhor é não carregar nada consigo, ter a mochila sempre vazia.A completa desconhecida Anna Kendrick (ao menos para mim, mas parece que ela participa desses filmes de vampiros "aviadados") é Natalie Keener, a novata contratada para também fazer demissões, e que desenvolve um meto mais impessoal de demitir, por meio de videoconferência. Uma dessas novas recém-formadas nas escolas de administração da moda.
Nesse vai e vem das viagens, Ryan se envolve com a personagem de Vera Farmiga - Alex - com quem passa a ter um caso sempre que eles se encontram, e por vezes, inclusive alteram suas rotas, seus destinos para que possam se encontrar.
Chegam a ir juntos ao casamento da irmã de Ryan, e este até convence o noivo, que estava querendo dar para trás a casar, e esses dias com sua família também fazem parte de um processo de mudança de Ryan.
Ryan então resolve mudar seu modo de vida, e manter um relacionamento sério com Alex, e vai até a cidade da mulher. Lá chegando, ao tocar a campainha descobre que ela mantinha um caso com ele, pois na verdade tem uma família, um marido, filhos, e diz que ele devia saber quer algo apenas temporário, das viagens. A vida real é diferente. Ryan era apenas um parênteses, uma fuga da vida normal.
Tudo errado, ele finalmente consegue o cartão de 10 milhões de milhas, mas resolve ceder algumas a sua irmão e cunhado, que viviam sua vida comum mas não tinham tempo nem dinheiro para viajar.
Uma das demitidas por Natalie se suicida, esta se demite.
Ryan, então, faz uma carta de recomendação para Natalie, que consegue seu novo emprego. E, fica sugerido que ele continua seu trabalho - demitir, mas sem a videoconferência.
O filme aparentemente retrata a crise americana pós 2008, as demissões, como essas afetam o demitido e suas famílias. Achei bem meia-boca.

Nota IMDB - 7.7. Daria um 5 ou 5,5.

quinta-feira, 21 de julho de 2011

SHERLOCK HOLMES (2010), de GUY RITCHIE, 17.07.2011

Sherlock Holmes (Robert Downey Jr.) e John Watson (Jude Law) são os inseparáveis amigos que moram juntos na Baker Street, e iniciam o filme em uma caça a Lord Blackwood (interpretado pelo bom Mark Strong), que está prestes a sacrificar uma moça em um ritual de magia negra ou algo que o valha, e a conseguem salvar, encarcerando Blackwood.

Blackwood, na prisão, faz algumas "bruxarias", consegue assustar os guardas prisionais e os companheiros de cárcere, e como mágica maior, é enforcado mas ressuscita, deixando seu túmulo vazio (e no caixão está Reordan, um químico por detrás da "mágica" de Blackwood).
Logo depois, Blackwood é alçado a chefe de uma instituição secreta, uma maçonaria, ou outra seita qualquer (pois através de "mágica" faz com que um dos expoentes da seita entre em autocombustão, de modo que os outros integrantes não mais se oponham a ele. O chefe da polícia de Londres faz parte dessa seita, também. Blackwood arma uma grande conspiração para a tomada de poder da Inglaterra, no parlamento (é Lord pois se trata de ex-membro do Congresso), com mais uma mágica - envenenamento dos membros do parlamento por inalação de cianeto, aspergido no ambiente por uma engenhoca mecânica, tendo dado a alguns deles, o antídoto, de forma que só aqueles que o apoiavam seriam salvos.
A missão de Holmes é impedir esse golpe, evitar sua prisão determinada pelo chefe de polícia e comparsa de Blackwood, desvender os poderes sobrenaturais do inimigo. Lestrade é, como sempre, um néscio, mas tem um papel interessante para evitar o encarceramento de Holmes.
Holmes investiga o cientista anão Reordan, e ali descobre a essência dos golpes químicos: a autocombustão do maçon, o rigor mortis de Blackwood, após sua "morte" por enforcamento - enganando inclusive a Watson, a destruição do túmulo.
Os outros golpes - suborno a carcereiro, o cabide que impediu o enforcamento, são descobertos pela infalível lógica holmesiana.
O cianeto ou cianureto que seriam utilizados, e o próprio golpe, aparentemente são só estratagemas para que Moriarty consiga uma peça da engenhoca, que lhe seria útil para outro fim.
Aparentemente, todo o golpe é monitorado, dos bastidores, por Moriarty.
Desarmado o perigo da engenhoca, com a retirada da cápsula de cianeto, Holmes e Blackwood travam uma luta na ponte de Londres, então em construção, com o resultado por todos esperado. Quem venceu, você acha?
Há uma mudança drástica no Sherlock atual para os que até então conhecíamos nas telas (basta ver a crítica a "A mulher de verde", no arquivo deste blog), sendo agora uma personagem muito mais físico do que intelectual, embora os dotes lógicos estejam também por aí, mas se revelando bastante tardiamente no filme.
A presença do Professor Moriarty é apenas ensaiada, sugerida, mencioada, por Irene Adler (Rachel McAdams), e esta alerta que Holmes deve ter muito cuidado com a sua nêmesis, que é tão inteligente quanto o detetive. Não se mostra o rosto de Moriarty no filme. Eis a chave para o segundo filme da série, que deve vir por aí agora mesmo, em 2011.
É um filme de Guy Ritchie, para o bem e para o mal. A estética de Snatch ou de Jogos, Trapaças e dois canos fumegantes está bem presente. A ação incessante também, com slow motions a dar com o pau.  A fotografia e a montagem são boas. O filme me agrada.

Nota IMDB - 7,5. Merece isso aí mesmo.

INDIANA JONES E A ÚLTIMA CRUZADA (1989) , de STEVEN SPIELBERG, em 17.07.2011

É o filme de que mais gosto da franquia Indiana Jones, um ótimo filme, ao lado de "Os caçadores da arca perdida".
Harrison Ford (Indiana) faz o de sempre, o professor de arqueologia que nos intervalos de suas aulas faz ousadas e heróicas buscas arqueológicas.
Nesse filme em especial, trata-se da busca pelo Santo Graal, o cálice da Última Ceia, que tem o poder de dar a vida eterna a quem dele bebe.
O filme começa tratando da relação entre Indiana Jones e seu pai, Henry Jones (vivido por Sean Connery), este um professor muito metódico e disciplinado, que dá pouca atenção a seu filho, exige dele muito estudo e disciplina, e que tem por hobby estudos sobre o Santo Graal - tudo anotando em uma caderneta.
Depois, já na vida adulta do herói, e sem que Indiana saiba, Henry, em razão de seus estudos,  foi contratado por um "amante" da arqueologia - Walter Donovan - para buscar o Santo Graal , mas desapareceu enquanto estava na Itália, em Veneza.
Donovan, que contratara Henry, também contrata o filho deste, Indiana, para buscar seu pai e seguir as pistas em busca do Graal.
O que não se sabia então é que Donovan estava aliado aos nazistas, e que Henry havia sido encarcerado porque se recusara a entregar seu caderno de anotações aos que o contrataram (e que continha os detalhes - os desafios que havia - para chegar ao Graal), pois descobrira que Elza - a arqueológa alemã que o auxiliava - era nazista - isto porque ela falava dormindo (hehe).
Por precaução, Henry enviara seu caderno com os estudos sobre o Graal a seu filho, nos EUA, mas este o leva à Europa, onde também cairá em mãos nazistas.
Em Veneza, Indiana Jones encontra a pista básica para a localização do Graal, encontrando, sob a biblioteca (um antigo mosteiro ou igreja, se bem me lembro) o ponto zero - Alexandreta - de um mapa constante dos estudos de seu pai. Tal descoberta é possível quando nesse lugar Indy encontra o túmulo de um de três irmãos cavaleiros que lutaram na "última cruzada" e que juraram proteger o Graal.
Há, então, algumas idas e vindas, com a necessidade de Indiana libertar seu pai que está com os nazistas, a necessidade de recuperar a caderneta, que fora enviada a Berlim (em que pai e filho têm um encontro inusual com Hitler), e que Indy consegue com Elza (que por este momento e pelo final em que aparentemente ela leva Donovan a uma escolha errada parece não concordar com os objetivos nazistas de buscar o Graal para assegurar vida eterna.
A partir desse momento o filme tem uma certa perda de coerência no roteiro, a perseguição no tanque, os nazistas chegam ao local em que está o Graal (a cidade Petra, na Jordânia, não se menciona este lugar no filme), Indiana, Marcus Brody (ótimo papel secundário interpretado por Denholm Elliott), Henry e Sallah vão atrás dos nazis para impedir o intento destes.
Quando lá chegam, os alemães estão sendo mortos pelas armadilhas, desafios propostos que devem ser vencidos para se chegar ao graal. Para forçar Indiana Jones a se arriscar, seu pai é alvejado por um tiro. Eis os desafios: só o penitente passará, a palavra de Deus, e "a leap of faith", ou o mistério da fé, um salto com fé. Obviamente que só Indy consegue desvendar os mistérios, e chegar à sala do Graal.
Ali, há um cavaleiro templário há mais de 700 anos, que desafia Indiana para um duelo, mas ele mal consegue erguer sua espada, e sendo Indy vencedor, deveria passar a ser o novo guardião do Graal.
Nesse ínterim, com os desafios já vencidos por Indiana, chegam os alemães, e Donovan (um americano, diga-se) quer ser o primeiro a conquistar a imortalidade, mas com a ajuda de Elza (nessa última vez que vi o filme achei que ela erra de propósito) ele faz uma má escolha e dá-se mal.
Indiana faz uma boa escolha - um copo de carpinteiro, e com a água do copo bento salva seu pai que fora alvejado.
O Graal não pode deixar o santuário, e a imortalidade só é garantida para quem ali permaneça. Quando Elza tem um surto egoísta - a vida eterna, ela ultrapassa o selo que limita o Graal, o santuário desmorona. Elza é vencida por sua cobiça e cai para a morte, apesar dos apelos de Indy. Indy é igualmente tentado, mas ao contrário da alemã, ouve o chamado de seu pai (e com ele tacitamente se reconcilia de suas rusgas de infância) e deixa para trás a relíquia e a tentação de vida eterna.
Nota IMDB. 8,3. Vale quanto pesa.

quarta-feira, 20 de julho de 2011

PARCEIROS DA NOITE (1980), de WILLIAM FRIEDKIN, 19.07.2011

Um filme um pouco confuso, com um final inconclusivo - mas que faz pensar - prejudicado pela péssima imagem que o TCM fornece, mesmo que numa TV de LCD e o escambau.
Quem já viu Operação França e o Exorcista, filmes com uma montagem apuradíssima, certamente sentirá certo estranhamento com esse Parceiros da Noite (Cruising, título original - que significa, aparentemente, no vocabulário gay as andanças em busca de parceiros sexuais desconhecidos e imediatos). Parece que o filme sofreu muita censura e cortes de possíveis 40 minutos de filmagem, o que certamente deixa algumas pontas mal-explicadas.


O filme trata da investigação de crimes na cena gay novaiorquina do final dos 70 (o filme é de 1980), especialmente na comunidade sadomasoquista, e que leva, para a realização da investigação, à infiltração do detetive Steve Burns (em grande interpretação de Al Pacino, sem os maneirismos  e cacoetes que o caracterizaram em filmes posteriores) em tal comunidade, uma vez que ele tem características físicas semelhantes às das primeiras vítimas do gay killer.

Para investigar, Burns passa a freqüentar clubes de S&M, o Central Park, pontos de "cruising" da comunidade gay, ter encontros homossexuais com suspeitos dos assassinatos.
Essa infiltração modifica o comportamento de Burns, altera seu comportamento com sua namorada Nancy (vivida por Karen Allen - a Marion de Indiana Jones), o modo como passa a ver a comunidade gay - aliás, constantemente achacada pela própria polícia de Nova York.

Com a descoberta do assassino, Burns passa a vigiá-lo, se aproxima, descobre problemas deste com seu pai (cartas escritas pelo assassino Stuart Richards, mas nunca enviadas), e tendo um encontro com ele no Central Park, o mata, quando Stuart tentá esfaqueá-lo.

O final cria um ponto de interrogação sombrio, em que não é possível descobrir quem matou o gay amigável (Ted Bailey) - não pertencente ao universo sadomasoquista - vizinho de Burns no apartamento que este alugou para viver infiltrado. Há a possibilidade de a morte ter sido causada pelo companheiro/amante desse, com quem Burns teve um desentendimento, porque esse companheiro imagina que Burns possa estar tendo um caso com Ted, ou mesmo que Burns tenha matado seu vizinho, como negação de sua possível homossexualidade, tentando matar seu impulso gay. Se como se diz em psicanálise, a homofobia esconderia uma homossexualidade latente, essa possibilidade certamente existe. Mas certeza do que houve não se tem.
Ao final, Burns livre da investigação, pois descoberto Stuart, não se desfaz de sua indumentária S&M, o que reforça as suspeitas quanto às tendências sexuais do policial.
O filme causou furor da comunidade gay, e foi por isso proscrito por muito tempo, e Friedkin viveu um ostracismo durante um bom tempo por ter realizado Cruising. No TCM, Valéria Monteiro comenta o filme e diz que é um dos filmes mais odiosos já feitos, no que, a meu sentir, ela está completamente equivocada. É isso que dá colocar alguém que aparentemente não entende porra nenhuma de cinema (não que eu entenda, mas eu tento pensar, ao menos), e lê um texto escrito por qualquer um. Não vejo o filme como homofóbico, mas sim um retrato da comunidade gay pré-AIDS, e um mergulho na mente e mudanças e perigos sofridos pelo policial vivido por Al Pacino durante a sua incursão ao mundo gay.
Nota do IMDB - 6,1. Merece mais.

terça-feira, 19 de julho de 2011

INDIANA JONES E O REINO DA CAVEIRA DE CRISTAL (2008), de STEVEN SPIELBERG - 17.07.2011

O quarto filme da série, lançado 20 anos após "A última cruzada" perde de longe de todos os outros episódios da franquia.
O filme tem como mote a busca pelas "caveiras de cristal", e nessa busca estão envolvidos os russos, capitaneados por Irina Spalko (Cate Blanchett), que invadem a famosa área 51, em busca de um invólucro que contém algo que não é revelado de início, apenas se sabe que aquilo tem um potencial magnético elevado. Quando se abre o invólucro, alguém corta um saco e aparece uma mão de forma inumana.

Jones fora chamado pelos russos para identificar esse objeto dentre tantos depositados na Área 51, identifica-o, mas não consegue evitar que os russos o levem.
O filme se passa num período de guerra fria (não se sabe exatamente quando, mas Indi escapa de um teste atômico realizado perto da área 51, o que parece ambientar o filme na década de 50.

Então a personagem de Shia Leboeuf - mal, por sinal - aparece na história, com uma carta que lhe teria sido enviada pela mãe deste, e que conteria dados anotados por Oxley, outro arqueológo agora desaparecido, que aparentemente descobriu o Eldorado (Akator), na selva amazônica, devendo essa carta chegar a Jones. Jones então começa a busca a Akator, à caveira de Cristal que em tese criaria grandes poderes para aquele que devolvesse a caveira a seu Reino, poderes estes mentais, paranormais, e a União Soviética teria interesse nisso pois se criaria uma arma tão ou mais potente que as atômicas americanas.
Depois de idas e vindas, lutas e perseguições na selva amazônica, eles encontram a caveira no túmulo de Orellana (o conquistador Espanhol que teria chegado ao Eldorado) e a levam até Akator - a cidade de ouro, onde descobrem que aquela era uma cidade extraterrestre, os construtores eram ETs, e que o verdadeiro tesouro da cidade não eram as riquezas materiais, mas o conhecimento.
 
A cidade, aparentemente para que o poder não caia em mãos de ninguém se autodestroi, os russos são "vaporizados, evaporados", e uma nave alienígena vai embora. Uma grande porcaria.
O que traz alguma leveza ao filme são as referências a filmes anteriores da série, com a presença de Marion, uma breve tomada mostrando a arca da aliança no depósito da Área 51 e Indiana ao ver um desenho o identifica como a Arca, e alguém pergunta se ele tem certeza, ele diz que sim, e menções a Marcus Brody e Henry Jones (Sean Connery).

A iluminação do filme é estranhíssima, as imagens são muito claras, talvez para atenuar a idade de Harrison Ford. Cate Blanchett igualmente parece uma boneca de cera, e muitos dos efeitos especiais - na verdade imagens geradas por computador (CGI) são perceptíveis demais, numa atmosfera computadorizada que faz desaparecer aquele clima de filme de aventura dos anos 30 ou 40 que permeava os antigos filmes da série.

Não fosse isso, o argumento extraterrestre - o reino da caveira de cristal é constituído por extraterrestres interdimensionais evoluídissimos que teria construído Akator, uma civilização 5000 anos adiantada no tempo - é pouco convincente e fornece um final ao filme como se um deus ex-machina terminasse a história.

A cena final, em que Indiana Jones se casa com Marion, constrange um pouco, mas traz implícita uma aparente boa notícia: quando o novo-velho casal vai deixando a Igreja, Jones vai esquecendo seu chapéu e Shia Lebouf vai pegá-lo, como a indicar o prosseguimento da série com um novo herói. Nesse instante, Indiana Jones volta e pega seu chapéu. Assim, aparentemente, evitam-se novos erros, como considero esse filme.
Nota IMDB - 6,5. Não merece mais do que isso. Merce menos, um 4.

sexta-feira, 15 de julho de 2011

ANATOMIA DE UM CRIME - 1959, de OTTO PREMINGER 12-14.jul.2011

James Stewart interpreta Paul Biegler, um advogado frustrado e ex District Attorney (perdeu a eleição para o atual promotor), em Ironcliff, Michigan, que aceita um caso
Barney Quill é morto pelo tenente Frederick Manion, porque Quill teria estuprado a esposa de Manion, Laura, vivida por Lee Remick.
Laura, em seu segundo casamento, tendo largado um companheiro de caserna para ficar com o tenente Manion, é uma jovem insidiosa, insinuante (várias vezes flerta com Biegler, por exemplo), de comportamento bastante duvidoso.
Ela relata como teria se dado o estupro cometido por Barney Quill, um atendente de bar a que Laura foi por volta das 20h30, no dia dos fatos,  com algumas pequenas contradições - o cachorro, os óculos, a calcinha que não foi encontrada.
Biegler entrevista o Tte. Manion, este chega à conclusão (após tê-lo induzido a isso) que estava temporariamente insano, e o advogado aceita a causa, mediante o pagamento futuro de 3 mil dólares - devia ser dinheiro em 1959.
Na lida forense, ele contará com a ajuda de seu amigo irlandês e também advogado - porém alcóolatra e desanimado da profissão - Parnell Mccarthy - em ótimo papel coadjuvante de Arthur O'Connell.
Mary Pilante administrava o bar de Quill e é sua possível herdeira (e provavelmente amante deste - depois se saberá que era outra coisa). Ademais, Barney teria ficado violento após provocações desta - que teria se envolvido com militares.
Em plenário, o D.A. é acompanhado por um membro da Procuradoria Federal, Claude Dancer (George C. Scott).
As primeiras testemunhas são o legista - apresentar a causa mortis, o fotógrafo da cena do crime e autópsia e vítima (embora as fotos desta não tenham sido apresentadas pela acusação).
O atendente do bar - Alphonse Paquette disse que Manion simplesmente entrou no bar e disparou contra Quill. Reconheceu que Quill era experto em tiro ao alvo e que tinha armas sob o balcão.
Lemon, zelador do parque e que cuidava da entrada e saída das pessoas, disse que viu Manion por volta da 1h, e este confessou o crime. Que também viu Laura, e estava "a mess", horrível na dublagem. Mas Lemon disse que não viu Laura anteriormente, naquele dia.
Os policiais, ouvidos, trataram da prisão de Frederick, do estado de ânimo de Manion, e que este afirmou que faria tudo de novo. E que Laura teria "algum problema" com Quill. Mas esse eufemismo - algum problema - teria sido induzido pela acusação. Então o policial disse que o "problema" era que Quill teria violentado sua esposa. Que encontraram no dia seguinte, o rastro do veículo, do cachorro e o estojo do óculos.
Todas as testemunhas asseveraram que o réu tinha o completo controle de seus atos.
O médico disse que não havia espermatozóides em Laura, e não formou opinião se houve violência ou não.  Aparentemente não teria havido sexo com Laura, mas era possível eis que poderia não ter havido ejaculação.
Os depoimentos continuam, psiquiatras debatem sobre a tese de impulso incontrolável (Manion estaria fora de seu juízo perfeito, em violenta emoção), e não teria como conter aquela conduta.
Ao chegar ao final, temos então dois depoimentos fortes e díspares entre si, que poderiam levar a qualquer desfecho: de um lado, um colega de cela de Manion diz que este lhe confessou que conseguiu enganar todo mundo, os jurados, os advogados, e que já estava tudo arrumado para a absolvição, e que logo depois de absolvido, daria uma surra em Laura.
De outro lado, Mary Pilante, que Parnell descobriu - em seu trabalho como advogado de investigação e não de plenário -  não ser a amante, mas a filha de Barney Quill, ao ver em plenário a discussão sobre a calcinha não encontrada, pede para ser chamada como testemunha, e apresenta a calcinha - que fora jogado no serviço da lavanderia do estabelecimento comercial de Quill, com os detalhes da descrição dada por Laura.
Sem mostrar as alegações finais dos advogados, os jurados se recolhem, e igualmente não filmada a discussão destes, volta-se à proclamação do veredicto - absolutório por ter o réu agido sob impulso irresistível.
No outro dia, Parnell e Biegler se dirigem ao estacionamento dos trailers para encontrar Manion e Laura e cobrar seus honorários, mas quando lá chegam o casal não mais está, e eles recebem um bilhete destes das mãos de Lemon, onde está escrito por Manion que este teve um "impulso irresistível" para fugir.
Esse final dúbio é espetacular, pois não se pode ter certeza da armação ou não por Manion e Laura, da manipulação ou não da verdade, da culpa ou inocência de quem quer que seja.
Os dois advogados - Parnell que resolveu largar de vez a bebida - quebrados, lamentam a situação, mas dizem que na nova sociedade que formarão darão um jeito, irão correr atrás de clientes, e a primeira será exatamente Pilante, para que eles a ajudem a administrar o seu negócio.
Parnell conclui, após Biegler jogar no lixo o bilhete deixado por Manion, olhando para uma garrafa de gim vazia, na mesma lixeira: nunca confie num homem que bebe gim - espetacular, ele mesmo era um alcóolatra de estirpe.
Ótimo filme, com atuações destacadas do coadjuvante Parnell (Arthur O´Connell), e com um grande embate de advogados, com argumentos rápidos e incisivos, apresentados em plenário por James Stewart e George C. Scott.
Nota IMDB = 8,1. É por aí.

segunda-feira, 4 de julho de 2011

O HOMEM QUE SABIA DEMAIS (1934) - de ALFRED HITCHCOCK - 21.06.11-04.07.2011

Essa é a primeira realização desse filme pelo mestre do suspense, depois regravado pelo próprio Hitchcock em sua fase norte-americana, desta feita com Cary Grant e Doris Day.
Essa primeira versão cinematográfica conta com Peter Lorre (de M, o Vampiro de Dusseldorf - um filmaço), Leslie Banks e Edna Best, é um filme curto - 75 minutos - com a duração típica dos filmes da década de 30.
Bob Lawrence e sua esposa Jill e a filha do casal estão nos alpes suícos assistindo e participando de competições de inverno, e aos arredores estão Abbott (Lorre), Louis, Ramon.
Durante um jantar, Louis, o esquiador francês é morto por um tiro disparado de fora do salão de baile e sussura ao ouvido do casal britânico um segredo - que o pincel de barba de seu quarto deve ser levado para o Consul Britânico ou para Gibson, e tudo isso em segredo.
Ramon se apresenta como um dos suspeitos, ao tentar entar no quarto de Louis, e logo requerer a Bob que lhe entregue o  que quer que tenha pego. Dentro do pincel, um recado: G Barbor fazer contato com A. Hall, 21 de março.
Enquanto Bob e Jill são interrogados sobre sua amizade e por ter Bob estado no quarto de Louis, recebem um bilhete ameaçando-os de que se disserem alguma coisa, nunca mais veriam sua filha de novo
Já de volta à Inglaterra, Bob encontra Gibson, secretário do Assessor de Assuntos Exteriores, e este sabe da mensagem, do seqüestro, e diz que se ele não cooperar um estadista de nome Ropa será assassinado. Nada falam ao agente público, e resolvem investigar por si mesmos.
Recebem um telefonema intimidatório, e vão ao bairro Wapping, e lá encontram um dentista G. Barbor. Bob está sendo atendido, e chega Peter Lorre, reconhecível pelo relógio de Bolso com que tentara distrair a menina seqüestrada, ainda na Suíça. Logo depois, Bob é atacado pelo dentista, porém consegue desvencilhar-se e dopá-lo, toma seu lugar, e fica à espreita, e logo depois Ramon também chega e Bob ouve a conversa dos dois bandidos, combinando alguma coisa em um camarote - depois se saberá ser no Albert Hall (A Hall do bilhete), e mencionam a menina e a esposa de Bob, Jill.
Bob segue os bandidos e encontra o Tabernáculo do Sol, com um sol que estava desenhado no bilhete encontrado dentro do pincel, uma seita estranha.
Clive ,que acompanhava Bob, é hipnotizado por uma mulher misteriosa, e Bob rendido com uma arma por uma senhorinha, mas após uma briga, consegue fazer com que Clive acorde do transe, fuja e vá em direção a Jill, mande-a ir ao Albert Hall, e chame a polícia, mas Bob fica preso, agora junto a sua filha.
Lorre (Abbott) mostra a Ramon a música que tocará no Albert Hall e o exato momento em que ele deve atirar (não se sabe em quem, ainda) e o tiro não poderia ser ouvido, e Bob ouve a explicação.
Já na sala de concertos, Ramon encontra Jill, dá a ela um broche que indica que sua filha está em poder deles, e Jill mantém seu silêncio e não vai falar com Gibson. Jill fica tentando descobrir o que vai acontecer, enquanto se desenrola o concerto.
Há um mandatário/embaixador de algum país cuja bandeira não reconheci e que é o provável alvo de Ramon. Na hora do tiro Jill dá um grito que faz que o tiro não seja perfeito e o embaixador Ropa é então salvo.

Ramon é seguido pela polícia que faz um cerco ao bando (no livro do Truffaut-Hitchcock este explica que a polícia inglesa não usa armas, e ele teve dificuldades para colocar rifles na mão da polícia, até mesmo com a censura (!) inglesa. Depois que um policial desarmado é morto, eles recorrem às armas de uma loja da vizinhança.
Quando todos os comparsas de Abbott e Ramon estão mortos, sobrando só os dois, eles resolvem usar a menina como escudo humano, este atira em Bob (acertando-o no braço), que a essa altura já tinha encontrado sua filha em um quarto do covil dos bandidos, persegue a filha do casa sobre os telhados e, lá de baixo, Jill - uma exímia atiradora como Hitchcock nos mostrara no início do filme - acerta e mata Ramon, salvando sua filha.
A polícia invade o prédio e mata o último bandido. Abbott. E todos foram felizes para sempre. Um bom filme, a refilmagem me agradou muito mais. De qualquer forma, o filme tem um ritmo impressionante, frenético, tanto que as informações para serem gravadas aqui no blog exigiram uma observação maior do que em muitos filmes muito mais longos. Detalhes do bilhete, do broche, do relógio de bolso de Abbott, o primeior olhar deste para o espião francês, a acompanhante de Abbot em St Moritz que depois se vê ser sua comparsa em Londres, enfim, vários pequenos detalhes, numa imagem não muito nítida, nos obrigam a prestar bastante atenção ao filme, sob pena de perder algum vínculo capital para a compreensão da história. Parei diversas vezes o filme para atentar a tais detalhes.
Algumas interpretações muito teatrais - típicas daquela época cinematográfica - mais ainda assim um bom filme.
IMDB, nota 6,9. É por aí, talvez alguns décimos a mais, mas não muitos.